Leiam trecho:
“Lula vai ser preso?” Essa é a pergunta número um das bocas, dos becos e dos botecos. A minha resposta: “Não sei”. Outro dia arrisquei: “Com corte de gastos, reforma da Previdência e reforma trabalhista, seria preferível uma condenação em regime aberto. Não gosto de heróis presos em períodos de crise. Mas que se cumpra a lei”. A pessoa ficou brava. Não foi uma resposta adequada a esses tempos de redes sociais. Nestes dias, quem indaga quer ver apenas a própria cara refletida no “black mirror”, na tela. Ou nada de “like” pra você.
Uma segunda questão começa a ganhar corpo em versos e trovas e a sair do breu das tocas: “Sergio Moro vai ser candidato?” Com alguma frequência, deixa-se de lado o complemento nominal porque parece tão óbvio que a palavra “candidato”, nesse caso, é intransitiva! Só pode ser “à Presidência”. E eu: “Seria melhor que não fosse”. E a cara contrariada do outro lado: “Por quê? Você imagina alguém melhor?”.
Oh mares! Oh temporais! Oh Cícero dos falsos cognatos!
O que é que se fez da dúvida nesta terra? Quem pergunta não espera ouvir uma resposta. Quer uma reiteração, uma redundância, um pleonasmo. Num mundo em que só há certezas, a inteligência especulativa se torna, por óbvio, subversiva.
Avanço um pouco. Moro já é candidato. E sacio a fome de complemento de quem não suporta a gramática da dúvida: é candidato “a alguma coisa”. Que ele já não caiba mais no molde do juiz, disso estou certo.
Mandam-me um vídeo em que o “esposo”, Moro, lê o trecho de um discurso de Theodore Roosevelt contra a corrupção. O americano, que falava suavemente, carregava, como se sabe, um grande porrete, o imortalizado “big stick”. Encerra a gravação sem esquecer de um agradecimento: “E fica essa leitura aí para ser apresentada nessa página, que é mantida, muito gentilmente, pela minha querida esposa”.
(…)
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