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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Temer agiu; agora, espero que Rodrigo Maia pare de tentar derrubar o presidente; ainda falta Rodrigo Janot fazer a sua parte

É preciso recuperar um espaço mínimo da racionalidade na política, que está sendo ocupado por cretinos e incendiários de quinta categoria, incapazes de entender o funcionamento do estado de direito e até de ler a Constituição. A celeuma armada com a suposta anistia ao caixa dois é o caso. Talvez este seja o debate mais estúpido surgido na política brasileira em décadas. É, sim, por culpa de deputados principalmente, mas também do Ministério Público, da imprensa e, como sempre, dos idiotas, cuja contribuição para os mais variados desastres nunca pode ser subestimada.

Nesta manhã, conclamei Michel Temer a demitir Geddel Vieira Lima; conclamei Rodrigo Maia a deixar claro que não haverá nem mesmo a votação de um projeto de “anistia” — e quem quiser que dê a cara e assine uma proposta assim—; conclamei Rodrigo Janot a recolher seus extremistas.

Uma parte está cumprida. Geddel está fora do governo. Oficialmente, pediu demissão. Mas a gente sabe como são essas coisas em política. Se o presidente achasse que ele teria condições de ficar, é claro que teria permanecido. Desde sábado passado, insisto em que a questão é grave. O cadáver ficou na sala por uma semana, a cada vez mais malcheiroso, como acontece na realidade e na metáfora.

PS: Presidente, aproveite o ensejo para enxugar a máquina. Sou capaz de jurar que a pasta de Geddel pode ser uma secretaria de verdade; hoje, na prática, é um ministério. Pense bem.

Rodrigo Maia
Sim, falta que Rodrigo Maia faça a coisa certa. Tem de vir a público para a anunciar que a Câmara não vai patrocinar nenhuma tentativa de anistia. Até porque, como deixa claro Gilmar Mendes, essa questão nem mesmo existe. A criminalização do caixa dois não vai recuar para punir porque a Constituição não deixa. E qualquer lei que anistiasse, por princípio, políticos que cometeram quaisquer dos outros crimes seria também inconstitucional.

Enquanto Maia mantiver essa agenda, estará contribuindo para desestabilizar o presidente da República. O que quer o presidente da Câmara? Que a manifestação do dia 4 de dezembro, tenha o tamanho que for, pouca importa se 10 pessoas ou 10 milhões, seja um grito de “Fora Temer”?  Essa gente perdeu completamente a noção e o juízo.

De resto, antes que o projeto de anistia fosse barrado pelo Supremo, teria de passar pelo crivo do presidente Temer: para sancioná-lo ou para vetá-lo. Se ele sanciona, seu governo acaba (ainda que o STF, depois, ponha as coisas no eixo, mas a população vai registrar). Se ele veta, também acaba, porque será alvo de retaliação daqueles que aprovaram o texto.

Qual é a agenda de Rodrigo Maia? Reeleger-se presidente da Câmara, eu sei. Pergunto: para isso, vale derrubar um presidente da República? Porque, na prática, é disso que se trata.

Rodrigo Janot
O outro Rodrigo, o Janot, tem de se dar conta de que existe um limite para a atuação fora daquilo que a lei nem permite nem veda — embora a um funcionário público caiba fazer apenas o que está previsto.

Seus bravos rapazes não podem se comportar como bedéis do Parlamento. Não é aceitável que um procurador queira usar “luvas de boxe” contra o Congresso. Até porque, do ponto de vista institucional, sempre que um parlamentar estiver legislando, estará cumprindo a sua função; sempre que um procurador estiver fazendo a mesma coisa, estará sendo um usurpador.

“Ah, mas existe um limite ético para fazer e mudar projetos”, disse Janot. Também acho. Por isso existem a sociedade e o Judiciário. Sem contar que existe um limite ético também para os procuradores. E conclamar o povo a se unir contra o Congresso está além da linha da ética.



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