Xiii… Se os ditos jornalistas investigativos decidirem ir atrás, a coisa pode esquentar. Pode ser que não aconteça porque ninguém quer ficar sem o filão de vazamentos da Lava-Jato que garante o texto e o pão de cada dia… Vamos ver. Todos se lembram dos delírios de Marilena Chaui, a Madame Min da bruxaria filosófica da esquerda, né? Segundo essa fina pensadora, o juiz Sérgio Moro é um agente treinado pelo FBI, e a Lava-Jato é o “prelúdio da grande sinfonia de destruição da soberania brasileira para os séculos 21 e 22.” O objetivo, segundo esta notável pensadora, seria entregar o pré-sal aos EUA. Só isso.
A tese é um delírio, uma estupidez sem pé nem cabeça, à qual falta, inclusive, um pensamento econômico. Acontece que, nesta terça, ela acabou ganhando verossimilhança. Atenção, leitores! O verossímil não é sinônimo do verdadeiro. Pode ser falso, diga-se, como nota de R$ 3. O pior é que integrantes da Lava-Jato se comportaram de um modo que vai levar Chaui e seus seguidores a gritar: “Viram? Estávamos certos!” Vamos ao caso.
Qual é o busílis? Durante dois depoimentos de testemunhas contra Lula, nesta terça, a colaboração entre a Lava-Jato e autoridades americanas veio à tona. E sobrou um rastro de mistérios. Vamos ver.
Eduardo Leite, ex-executivo da Camargo Corrêa, afirmou ter sido procurado por representante do Departamento de Justiça dos EUA — portanto, do governo americano — por intermédio de um membro da força-tarefa. Disse Leite, segundo informa a Folha: “Foi uma busca do governo americano através da força-tarefa no qual [sic] fomos procurados para saber do interesse de haver partilhamento ou de a gente participar de um processo lá”…
Cristiano Zanin, um dos advogados de Lula, quis saber, então, se era mesmo a força-tarefa que havia intermediado o contato. O procurador Diogo Castor de Mattos, então, tentou impedir a testemunha de responder. Sob qual argumento? O de que Moro já havia rejeitado pergunta sobre tema semelhante da testemunha anterior. Referia-se a Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Setal.
O juiz recusou a objeção do procurador lembrando que Mendonça Neto se dizia inseguro para responder sobre a colaboração com os EUA — afirmou não saber. Moro pediu, então, que Leite respondesse. O procurador protestou de novo. E aí o ex-executivo da Camargo Corrêa parece ter percebido que o MPF não queria que ele falasse sobre o assunto. Disse que seu advogado é que poderia responder.
À Folha, Zanin afirmou: “A revelação feita em audiência de que o Ministério Público Federal estaria trabalhando junto com autoridades americanas parece não estar de acordo com o tratado que o Brasil firmou em 2001 com os EUA, que coloca o Ministério da Justiça como autoridade central para tratar esse tipo de questão”.
Na semana passada, em Genebra, Zanin havia abordado a suposta colaboração da Lava-Jato com autoridades americanas. Disse ele: “Nos EUA, abriram ações bilionárias contra a Petrobras usando de elementos enviados pelo juiz Sergio Moro. Estamos apurando como eles estão trabalhando”.
Em nota, o MPF afirmou que o assunto é sigiloso e que nada diria a respeito. O Ministério da Justiça também não se manifestou.
Hoje é o dia em que as teorias da conspiração vão pegar fogo!
Que existe a colaboração com os EUA, isso já está evidente. A questão agora é saber de quem com quem e se ela obedece aos parâmetros legais. Se houver procedimentos informais ou impróprios nessa relação, é claro que tudo vai parar nos respectivos processos. Da mesma sorte, é preciso que se saiba se os querelantes que acionam a Petrobras nos EUA contam mesmo com informações fornecidas pela Justiça brasileira.
Esta terça pode ter revelado um fio desencapado.
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