Pois é… Ficou feio para os líderes da base governista que assinaram o que chamei de “Carta da Vergonha” em apoio a Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria de Governo. O Planalto foi fazendo bobagens em penca desde sábado. Em vez de chamar Geddel e obrigá-lo a se desculpar por ter feito lobby indevido pensando apenas no próprio interesse, resolveu minimizar a coisa. Ah, seria assunto de somenos, nada muito grave. Não sei se está consolidado um padrão: até determinado valor, ética não conta.
Horas depois daquela carta vergonhosa, novas revelações vêm a público. A intimidade de Geddel com o tal prédio La Vue, que ele queria que fosse erguido fora dos padrões aceitos pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), vai muito além do compromisso de compra de um imóvel.
Segundo informa a Folha, um primo e um sobrinho de Geddel atuam junto ao Iphan como representantes da… construtora.
Informa a Folha:
“Em um documento anexado no processo administrativo que tramitou junto ao Iphan, a Porto Ladeira da Barra Empreendimento, empresa responsável pelo La Vue, nomeou como procuradores os advogados Igor Andrade Costa, Jayme Vieira Lima Filho e o estagiário Afrísio Vieira Lima Neto. Jayme é primo de Geddel e sócio dele no restaurante Al Mare, em Salvador. Afrísio é filho do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel. A procuração foi assinada em 17 de maio de 2016, cinco dias depois de Geddel tomar posse como ministro. Ela não tem prazo de validade. Semanas antes, ainda na gestão Dilma Rousseff (PT), o Iphan havia embargado a obra por considera que o prédio afetaria monumentos tombados da região como o Forte de São Diogo e a Igreja de Santo Antônio da Barra.
Só para lembrar: Lúcio Vieira Lima é o presidente da Comissão Especial da Reforma Política.
Nesse caso, o que nem era tão grande começou a ficar enorme. Estamos diante de uma evidência escancarada de moral seletiva.
Está patente que a ligação do ministro com o prédio é maior do que a que ele revelou também para aqueles que assinaram o documento se solidarizando com ele.
Ironia
Como ironia pouca é bobagem, o advogado José Leite Saraiva Filho, amigo de Geddel e que integra a Comissão de Ética da Presidência da República, é nada menos do que advogado da Ademi (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário). Uma das associadas da entidade é a construtora Cosbat, dona do empreendimento “La Vue”, o pivô da confusão.
Ah, sim: em Salvador, Saraiva representa a Ademi justamente numa ação contra o Iphan.
Pergunta: este senhor, que havia decidido pedir vista do caso e depois voltou atrás, a pedido do próprio Geddel, não vai ter a “ética” de se declarar impedido de votar no caso? À Folha, ele já disse que não.
Encerro
Caso pequeno? O governo se encarregou de torná-lo grande. E é evidente que Michel Temer está cometendo um erro clamoroso!
E isso tem um custo. O povo foi às ruas contra a alta moral que justifica essa lambança.
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