E meu pingo final vai para as eleições nos EUA.
A boa notícia é que a democrata Hillary Clinton voltou a liderar as pesquisas e é, de novo, considerada a favorita nas eleições presidenciais de amanhã.
A má notícia é a que democrata Hillary Clinton voltou a liderar as pesquisas e é, de novo, considerada a favorita nas eleições presidenciais de amanhã.
A vantagem sobre o republicado Donald Trump é pequena, mas existe.
Ontem, Hillary teve uma boa notícia: o FBI concluiu, finalmente, que ela não cometeu crime ao usar um servidor privado para enviar e-mails que tratavam de que questões públicas. Vamos combinar? A questão nos parece quase jocosa, não é? Imaginem se uma falha dessa natureza estivesse entre as coisas graves cometidas por nossos políticos…
Em vez disso, o país está semiparalisado à espera da delação de executivos de uma empreiteira. E-mails secretos? Não! Roubalheira, propina, caixa dois, o diabo a quatro.
Como costumo brincar, sou um “eleitor” do Partido Republicano, mas votaria, desta vez, em Hillary porque não reconheço em Trump as qualidades de um bom conservador. Para ser franco, não me parece que ele bata bem dos pinos ou tenha a exata noção das barbaridades que diz.
Atribui-se a Afonso Arinos ter dito que Jânio Quadros era a UDN de porre. Trump é o Partido Republicano com recalque. Em vez de o partido sair por cima do falso cosmopolitismo da gestão Obama, evocando as melhores virtudes do país, escolheu o caminho do ressentimento, do preconceito, da boçalidade, da grosseria e da fanfarronice perigosa.
Votaria em Hillary, em suma, para votar contra Trump.
Ainda que a democrata venha a vencer, não apostem numa América pacificada. Alguma esperança reside no fato de que há uma possibilidade de que os republicanos acordem do delírio e se deem conta da besteira que fizeram. O partido deve perder aquela que poderia ter sido uma das eleições mais fáceis da história.
E se Trump ganhar? Bem, resta torcer para que o establishment o mantenha numa camisa de força.
Os EUA são a única grande nação democrática a adotar o presidencialismo à moda antiga — este vigente também no Brasil. Como se nota, também lá se assiste a uma esclerose do sistema.
As democracias, na era das afirmações identitárias, caminham para uma fase de radicalização de posições. Isso não vai acabar tão cedo. O movimento teve início, como se sabe, à esquerda. A direita mais brucutu comprou a fraude moral. O discurso liberal (refiro-me ao liberalismo econômico, não à esquerda americana) é quem mais sofre nessas horas. Mas é o único capaz de dar uma resposta civilizada aos desafios que estão postos: conviver com o identitarismo sem agredir os direitos universais.
Para isso, é preciso que se tenha um sistema de governo que absorva esses impactos sem gerar crises institucionais e sem rachar o país ao meio. E isso só pode se dar no parlamentarismo.
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