Da Agência de Notícias do Paraná:
Um grupo (foto acima) de cerca de 300 pais, diretores, pedagogos, professores e integrantes de movimento sociais estiveram reunidos neste domingo (23), no Palácio Iguaçu, com representantes do Governo do Estado para reivindicar medidas para pôr fim às invasões das escolas públicas. Eles foram recebidos pelo chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, e pelos secretários Ana Seres (Educação), Wagner Mesquita (Segurança Pública) e Márcio Villela (Comunicação), além do procurador-geral do Estado, Paulo Rosso.
No encontro, o governo anunciou que os diretores e professores que estiverem dando amparo às ocupações e não cumprirem as determinações legais responderão processos administrativos ou a sindicâncias e poderão ser punidos com afastamento e até demissão. “Vamos trabalhar com muito critério para não cometer injustiças, mas seremos rigorosos com quem não está cumprindo com as suas obrigações”, afirmou Rossoni.
A Secretaria de Estado da Educação, por sua vez, vai tornar disponível um documento na internet para que os educadores que querem trabalhar, mesmo com a greve promovida pela APP-Sindicato, possam registrar oficialmente sua opção por não aderir aos movimentos que impedem o retorno das aulas na rede estadual. “Quem aderiu à greve terá a falta lançada”, explicou a secretária Ana Seres.
Ilegal
O procurador-geral destacou as medidas adotadas pelo governo para a reintegração de posse das escolas ocupadas. Segundo ele, a ação dos invasores fere o direito básico à educação. “A invasão é ilegal, abusiva. O direito de quem quer estudar precisa ser respeitado”, declarou.
Ele ressaltou que várias ações foram ajuizadas pela PGE pedindo a reintegração de posse dos imóveis ocupados, e todos os Conselhos Tutelares estão oficiados para verificar denúncias de que menores de idade estão dentro das escolas. Rosso disse que é obrigação dos conselheiros verificar essa situação e que eles podem ser punidos por omissão. O procurador também orientou diretores e pais a procurar apoio jurídico na Defensoria Pública.
Rosso informou que a Advocacia Geral da União (AGU) está atuando em parceria com o Paraná para mover ações para a desocupação das escolas. O Ministério da Educação já declarou preocupação com a realização das provas do Enem. “Além disso, muitos alunos estão perdendo conteúdo para o vestibular, e o ano letivo está completamente comprometido”, completou a secretária Ana Seres. Ele afirma que é fundamental reunir o Conselho Escolar de todos os colégios para tentar negociar de forma pacífica a saída dos invasores.
Gabinete
O Governo do Estado também informou a formação de um gabinete formado por profissionais da Segurança Pública, da Educação, Casa Civil e PGE para atender pais, diretores e cidadãos que quiserem orientação sobre como agir de modo legal contra as invasões e também fazer denúncias. “Daremos ampla divulgação sobre as formas de contato com este gabinete”, afirmou o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni.
“Já liberamos o telefone 181 que está atuando exclusivamente para denúncias relativas a escolas invadidas”, completou o secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita. Ele disse que as pessoas que se sentirem prejudicadas em seus direitos precisam formalizar Boletim de Ocorrência para que a polícia abra uma investigação sobre a situação. “Documentar todas as ações é fundamental para que as pessoas sejam responsabilizadas por atitudes fora da lei”, destacou.
Depoimentos
Muitos diretores e pais aproveitaram a oportunidade para relatar atitudes agressivas dos invasores. A diretora Edinamar Silva, do colégio Xavier da Silva, localizado na região central de Curitiba, afirmou que 95% dos professores da unidade não querem greve nem ocupação. “Eu vim pedir socorro. O que eu falo para minha comunidade?”, questionou.
Já a diretora Edilaine Triani, do colégio Pedro Macedo, no bairro Portão, relatou que a escola tem 3,3 mil alunos e apenas cerca de trinta estão na ocupação. “Os demais não têm o direito de estudar”, disse. Ela disse que, na última semana, precisou fazer a prestação de contas da escola na calçada porque os invasores não permitiram a entrada no colégio.
O diretor do colégio Homero Baptista de Barros, Celso Ribas, relatou que precisou reunir uma comissão de pais para negociar com os invasores a desocupação da unidade. “A população não está apoiando estas invasões”, sustenta ele, criticando a atitude de estudantes. “Há uma inversão de valores. Uma coisa vergonhosa”.
Emocionado
Emocionado, o estudante Patrick Ignaszevski, que lidera o movimento “Invasão não é Solução – Desocupa Paraná” relatou que sofre ameaças e humilhações pela rede social em razão da discordância com as invasões. “Queremos o direito de ir e vir, de educar. Continuaremos lutando pela retomada das aulas”, disse.
A professora aposentada Marli Resende, também integrante de um movimento social em Curitiba, afirmou que é a justa a reinvindicação do magistério por melhores salários, mas que, no Paraná, a questão da remuneração é muito melhor que nos demais estados. “Dei aula no Rio de Janeiro por 35 anos e recebo pouco mais de R$ 1,3 mil por mês, quando recebo”.
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