Por Maria Lucia Victor Barbosa (*)
Ainda não aconteceu o segundo turno das eleições municipais, porém, o fato mais marcante desse pleito já indicou a acachapante, a humilhante, a estrondosa derrota do PT com destaque para o fiasco sofrido por Lula que outrora conseguia eleger postes como Dilma Rousseff e Fernando Haddad.
O impeachment de Rousseff já mostrava o tremendo baque no prestígio do chefão e de seu partido. Foi a continuidade de um processo iniciado com as manifestações espontâneas de rua que pediam: “Fora Dilma”, “Fora Lula”, “Fora PT. Do inconformismo popular com o caos econômico chegou-se à repulsa eleitoral e tão maldita se tornou a sigla PT, que juntamente com a simbólica estrela foi escondida por petistas que disputaram a eleição.
Há quatro anos foram 644 prefeituras conquistada pelo PT. Agora a perda foi de 60% com apenas 256 petistas eleitos, sendo que há sete disputando o segundo turno com poucas chances de vitória.
O PT perdeu feio no chamado “cinturão vermelho”, região do ABCD, sendo que em São Bernardo Lula sequer logrou eleger o filho vereador. Mas, sem dúvida, a derrota mais sentida foi na capital, a joia da coroa, com a vitória de João Dória do PSDB. Haddad, candidato à reeleição teve a pior votação do PT em São Paulo, resposta ao seu péssimo governo.
Outros fatos significativos desta eleição foram: A dispersão partidária, pois segundo dados do TSE 31 partidos vão comandar pelo menos uma cidade no ano que vem, e o aumento de votos nulos, brancos e abstenções, o que indica a insatisfação com os políticos e a necessidade de uma reforma política que inclua o voto facultativo.
Entre as análises que se seguiram para explicar os resultados eleitorais uma é risível, pois aponta de forma equivocada a vitória da direita contra a esquerda. Para começar os eleitores em sua maioria não têm a menor noção do que seja direita ou esquerda. Também não votam em partidos, mas em candidatos.
Quanto aos partidos, conforme escrevi em um dos meus livros, O Voto da Pobreza e a Pobreza do Voto – A Ética da Malandragem, “são clubes de interesses, trampolins para se chegar à vitória. Acentua-se neles o oportunismo, a ausência de qualquer ideologia, princípio ou disciplina, a caça às vagas nas convenções, o acerto de interesses eminentemente pessoais de poder pelo poder”.
Note-se que mesmo o PT, que se diz de esquerda, nunca conseguiu em seus inúmeros congressos definir qual é seu tipo de socialismo. No cargo mais alto da República Lula se lançou com fúria a uma espécie de socialismo selvagem, no qual só lhe interessava conservar o poder e se dar bem, ao mesmo tempo que se associava a oligarcas como José Sarney e personagens antes execradas como Paulo Maluf. Os banqueiros nunca obtiveram tanto lucro e os maiores empreiteiros, agora presos pela Lava Jato, foram os grandes companheiros que sustentaram as campanhas de Lula e seu altíssimo nível de vida. Aliás, no governo petista, companheiros e compadres se locupletaram, formando o que o jornalista Vinicius Mota chamou de elite vermelha.
Quanto a inclusão social de que tanto Lula se caba, resultou na recessão, na inadimplência, no desemprego, nos “Pibinhos” e, portanto, no empobrecimento geral do País.
Assim, sem nenhuma dúvida, se pode afirmar que para além dos escândalos de corrupção que fizeram parte do governo petista, o que realmente levou o partido a ingressar no rol das agremiações nanicas foi o fato inexorável de que não há governo que resiste quando a economia vai mal.
O PT foi muito mal e, por isso, é totalmente equivocado petistas se denominarem orgulhosamente de progressistas chamando com desprezo os demais de conservadores e neoliberais. Lula e seus companheiros são regressistas em todos os sentidos. Fizeram o Brasil regredir na economia, na política e, socialmente através da perda de valores. Que o povo não se esqueça da amarga lição para que esse capítulo negro de nossa história não se repita.
(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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