Chefes de Poderes da República não podem fazer beicinho.
O presidente Michel Temer tentou agendar um encontro nesta quarta-feira entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia. A ministra declinou. A reunião se seguiria à declaração desastrada de Renan, segundo quem a operação da Polícia Federal no Senado foi determinada por um “juizeco”. Estava certo ao apontar a ilegalidade. Errou no tom. Cármen respondeu que a agressão a um juiz a agredia também pessoalmente e a todos os juízes. Acertou ao censurar a agressividade; errou no conceito. Não cabe à presidente de um poder se deixar tomar por dores corporativas.
Resultado: a reunião, a que deveria comparecer também Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, não vai acontecer. Maia disse a coisa certa sobre a crise: deu a entender que seu homólogo do Senado errara no tom, mas acertara na repulsa à ação perpetrada pela Polícia Federal. O clima continua tenso. Renan não baixou a guarda diante da reação da presidente do Supremo. Afirmou que ela deveria ter dito também que a decisão de realizar busca e apreensão no Senado e de prender quatro agentes não cabia a um juiz de primeira instância. Não cabia mesmo.
O presidente do Senado também não mudou o tom ainda em relação a Alexandre de Moraes, ministro da Justiça. Ele sabe, é claro, que Moraes nada tinha a fazer diante da decisão tomada pelo juiz Wallisney de Souza Oliveira. Se interferisse, aí sim, é que a coisa estaria fora do lugar. O senador não gostou de ver o ministro justificar a ação. Foi uma tentativa malsucedida de baixar a temperatura. Era para evidenciar que não se tratava de um ataque ao Poder Legislativo. Acabou dando tudo errado.
O que está em jogo? Obviamente é bem mais do que a vaidade de cada chefe de Poder e de suas veleidades corporativistas. Trata-se do futuro do país, sem qualquer exagero. A votação da PEC do Teto em segunda instância deixou claro que o problema não chegou à Câmara. Mas a decisão final, como é óbvio, caberá ao Senado. É claro que uma matéria tensa, controversa, que mexe com os humores do país, deveria chegar a um Senado pacificado.
Mas quase todos, Cármen também, resolveram apagar o fogo com gasolina. Nesse caso, Temer e Rodrigo Maia se comportaram direito, tentando diminuir a tensão.
Cumpre chegar à origem da coisa: como tudo começou? De uma porra-louquice! Uma denúncia sem substância gerou uma ação absurda do MP, enviada a um juiz, que tomou uma decisão ainda mais exótica. Como Carmen Lúcia sabe disso, poderia ter censurado o conjunto da obra sem dores corporativistas.
Está na hora de essa gente ter juízo.
Não desprezem o poder que têm os porras-loucas de fazer porra-louquices.
Essa ação estúpida no Senado não contribui em rigorosamente nada com a Lava-Jato e pode custar caro ao pais. E tudo isso para que um grupelho demonstre que faz o que bem entende quando quiser.
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