Marcelo Crivella (PRB) já é o prefeito eleito do Rio. Com 82% das urnas apuradas, tem 58,85% dos votos válidos, contra 41,15% de Marcelo Freixo (PSOL). O que dizer? Quando menos, isto: dos males, o menor. Entre as duas igrejas, a de Edir Macedo ainda é melhor que a do socialismo, de Freixo, com suas ideias de anteontem. Mais: no segundo turno, conseguiu apoio dos não esquerdistas que disputaram o primeiro.
Aliás, Freixo só chegou ao segundo turno em razão de uma anomalia: os votos centristas e conservadores se dividiram. E o candidato do PSOL acabou passando para a segunda etapa. A verdade é que a extrema esquerda do Rio obteve, na primeira jornada, apenas 18,26% dos votos com Freixo, ou 553.424 — muito menos do que os 914.082 do primeiro turno de 2012: 360.658 a menos. O que isso significa? Ora, o PSOL encolheu em vez de crescer, à diferença do que se diz por aí. Na outra ponta, a extrema direita levou 14% do total, com Flávio Bolsonaro.
A “vermelha” mais bem colocada, depois de Freixo, era Jandira Feghali (PCdoB), com 3,34%, em sétimo lugar.
Crivella acabou liderando na primeira etapa entre os centristas, ficando com 27,78% das escolhas. Ocorre que, do terceiro ao quinto lugar, havia 47,73% dos votos — e os candidatos todos eram não esquerdistas: Pedro Paulo (PMDB), Flávio Bolsonaro (PSC), Índio da Costa (PSD), Carlos Osório (PSDB).
A campanha no Rio acabou ficando bastante acalorada, mas para o mal. Freixo, o socialista, ignorou solenemente os problemas do Rio para acusar seu adversário de pertencer a um projeto maligno de poder, que seria liderado, na verdade, pela Igreja Universal do Reino de Deus. Crivella também passou por cima da cidade e preferiu dizer que seu oponente é um partidário da revolução bolchevique.
Já os bolcheviques do Leblon, Ipanema e Copacabana resolveram trazer à luz algumas ideias jurássicas que Crivella espalhou em livro, todas já devidamente abjuradas. Como de hábito, os homossexuais acabam sendo usados de escudos humanos da impostura — já explico o que quero dizer com isso.
Bem, aconteceu o esperado: Crivella ganhou. O primeiro turno havia deixado claro que a maioria da população do Rio não queria um governo de extrema esquerda. Mas é claro que também a insatisfação dos cariocas com os dois Marcelos ficou patente. Em 2012, os votos de Eduardo Paes (2.097.733) e Freixo (914.082), no primeiro turno, somavam 3.011.815. Neste ano, com 99% das urnas apuradas, em segundo turno, são apenas 2.820.866.
As abstenções somam 26,86% dos votos (1.296.622), mais do que o total obtido por Freixo. Os brancos são 4,18% (147.562), e os nulos, 15,91%: 561.660. Ou por outra: 46,95% dos eleitores cariocas rejeitaram a “Escolha de Marcelo”.
Dito de outro modo, com 99% das urnas apuradas, Crivella conta com 1.691.433 votos. Abstenções, brancos e nulos somam 2.005.884. Quase a metade dos cariocas não quis saber nem de um nem de outro. Vale dizer: os que não quiseram ninguém são 314.451 a mais do que os que optaram pelo vitorioso. Só os ausentes são 151.242 a mais do que os eleitores de Freixo.
Quem analisou com propriedade e humor a situação eleitoral do Rio foi Thiago Pavinatto, um dos coordenadores do MBL, no vídeo abaixo. É dele a expressão “A Escolha de Marcelo”. Assistam.
from Reinaldo Azevedo http://ift.tt/2f2aYCz
via IFTTT
Nenhum comentário:
Postar um comentário