Autointitulados intelectuais resolveram lançar um tal Observatório para, sei lá como dizer, velar pela reputação de Lula. Segundo eles, existe um esforço para desconstruir a importância do Apedeuta como uma figura “global” — isto mesmo: que interessa ao planeta Terra. E, no mercado mais, digamos, local, para impedir a sua candidatura à Presidência em 2018. Então tá bom! O encontro se deu na casa do jornalista bolivariano Fernando Morais. Logo, a gente entende que se tratou de um ato já de campanha.
O que essa gente quer? Chantagear moralmente a Justiça: qualquer condenação de Lula teria objetivo puramente político e seria, então, injusta. Logo, os tribunais só seriam isentos se declarassem a sua inocência, entenderam? Cabe a pergunta óbvia: se só um resultado é possível, processo pra quê? Lula deveria ser mais corajoso e dizer: “A lei que vale para o resto dos brasileiros não pode valer para mim”. Seria mais honesto.
Pisando fundo no delírio
O Babalorixá de Banânia rompeu o silêncio depois do desastre que colheu o seu partido. E resolveu arrumar um inimigo: São Paulo! Embora o PT tenha sido esmagado no país inteiro, é certo que é nesse estado que a coisa se afigura realmente dramática para companheirada: o PT venceu em apenas 8 dos 645 municípios do Estado. É um vexame sem par no resto do Brasil. Perdeu o mítico ABC. Perdeu o chamado cinturão vermelho. A maior cidade que vai administrar na unidade mais rica da federação é Araraquara.
Sabemos, no entanto, que o vexame é nacional. A legenda conseguiu eleger apenas 26% dos candidatos que lançou. Fico em 13º lugar nesse quesito. Em número de Prefeituras, caiu do terceiro para o décimo lugar. Restou-lhe apenas uma capital: Rio Branco. E vai administrar só uma cidade com mais de 200 mil eleitores. O nome disse é PT. O nome disso é Perda Total.
Nesta terça, ele esteve na cidade de Buri, no interior paulista, para inaugurar um laboratório da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), que funciona numa área de 643 hectares que foi doada pelo escritor Raduan Nassar. Fez discurso de candidato. Seu alvo preferencial foi o dito conservadorismo de São Paulo. Repetiu o apanhado de bobagens que lhe sopram intelectuais petistas:
“Aqui em São Paulo nós temos um problema que é o conservadorismo. Desde a Revolução de 32, quando foi construída a USP, que eles não queriam universidade federal aqui para não ter pensamento federal no Estado de São Paulo. Uma ideia, uma concepção retrógrada, que não tem noção de país, não tem noção de que o país tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, que nós somos uma meganação, que tivemos as mais diferentes culturas desse mundo, e tem gente que não gosta disso. Tem gente que não gosta da ascensão de outros Estados”.
É tanta bobagem reunida que a desconstrução seria longa. Bem, começa com o ataque à Revolução de 1932 — que, ora vejam, foi um levante contra uma ditadura, que resultou na Constituição de 1934, golpeada em 1937 por Getúlio Vargas, o ditador contra o qual se levantou… São Paulo! Mais: Lula se esquece que a capital paulista, por exemplo, é a segunda maior cidade nordestina do Brasil: só perde para Salvador — a Salvador que reelegeu um prefeito do DEM, o segundo mais votados do país em números proporcionais. Dos 638 prefeitos que tinha, o partido de Lula ficou com 254: 4,45% dos municípios brasileiros. Não ganhou em nenhuma capital do Sul. Em nenhuma do Sudeste. Em nenhuma do Centro-Oeste. Em nenhuma do Nordeste. Restou-lhe Rio Branco, no Acre. Na resta final, o petista João Paulo, que disputou o segundo turno em Recife, implorou para Lula, um pernambucano, não aparecer por lá. Não deu certo nem assim.
É verdade! O resto do Brasil pode não repudiar o PT com a força de São Paulo — não por acaso, o Estado mais rico e mais populoso do país —, mas também não está assim tão longe.
Depois de disparar as boçalidades contra o Estado que ainda hoje dá a espinha dorsal do PT em razão dos sindicatos e ONGs, Lula resolveu investir em teorias conspiratórias. Deve ter recebido aula de Marilena Chaui, aquela que acha que Sérgio Moro é um agente dos EUA para nos tirar o pré-sal. Afirmou sobre a deposição de Dilma:
“Será por causa do pré-sal, que é a maior descoberta de petróleo do século 21? Será que é porque nós destinamos 75% dos royalties para resolver o problema da educação, para recuperar o tempo perdido do século 21? Será que essa coisa que aconteceu no Brasil tem alguma ligação de o Brasil ter virado um protagonista internacional, ter criado o Brics, ter criado um banco fora do FMI e do Banco Mundial? Será que o que está acontecendo no Brasil tem a ver com a relação do Brasil com a África, da criação da Unasul, do Mercosul? Então é importante que a gente discuta que não é por acaso o que está acontecendo nesse país, não é por acaso. Tem algo maior do que a gente imagina acontecendo nesse país.”
É verdade! O petismo nos deu crescimento de 0,1% em 2014, recessão de 3,8% em 2015 e de estimados 3,2% a 3,5% em 2016. O petismo nos legou inflação de dois dígitos, juros de 14,25%, desemprego de 12%, déficit fiscal de R$ 170,5 bilhões, colapso na infraestrutura, saúde em pandarecos, uma das piores escolas do mundo, a Petrobras quebrada e um dos regimes mais corruptos da Terra.
Aí os imperialistas se juntaram com a direita e decidiram: “Precisamos dar um jeito de parar essa potência, antes que o eixo Maduro-PT transformem a América Latina num paraíso”.
Bem, já sabemos como será sua campanha eleitoral em 2018 se não estiver preso ou, ainda que solto, condenado em segunda instância.
Ei aí!
Não aprende nada!
Não esquece nada!
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