Vamos botar um pouco de ordem na conversa mole da suposta retirada da MP do Ensino Médio e de sua substituição por um projeto de lei. Como se sabe, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou claro que pensava levar essa alternativa ao presidente Michel Temer.
Bem, caso o governo fizesse essa escolha, seria o cruzamento malsucedido da vaca com o jumento: o híbrido nem daria leite nem puxaria carroça, certo? Esclareço: o governo Temer NÃO terá futuramente o apoio das esquerdas minoritárias, que hoje invadem algumas escolas, e as forças, majoritárias na sociedade, que apoiam a medida vão se sentir logradas. Pior ainda: longe de passar a imagem de transigência e diálogo, vai-se ler o óbvio: fraqueza.
Pergunta antes que continue: alguém espera que a reforma da Previdência, por exemplo, vá gerar reação mais discreta? Que não se perca de vista: a mobilização contra a MP do Ensino Médio é minoritária. Parece grande porque governos estaduais têm tolerado que grupelhos de 20 truculentos fechem escolas.
A PM de São Paulo deu nesta quinta exemplo de como se deve atuar nesses casos. Retirou os invasores do Centro Paula Souza. Mais: nas escolas já invadidas que não contem, eventualmente, com mandados de reintegração de posse, o procedimento é simples: cortem-se água, luz e telefone. Policiais na porta impedirão a entrada de qualquer pessoa ao edifício. Nem pra levar comida. Só pode sair. Para ser singelo: os trogloditas acabarão sendo expulsos do prédio pelo ciclo a vida: fome e cocô. Depois, é só cuidar de desinfetar o lugar. Adiante. Como começou o boato?
Conversa
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) procurou Maia, em companhia da direção da UNE, com a proposta de substituir a MP por um projeto de lei. Essa conversa aconteceu. Do governo federal, tiveram a seguinte resposta: ora, nada impede que se avance no projeto que já tramita no Congresso. Que seja, então, votado. Se aprovado, a MP se torna inócua. A proposta foi levada adiante, mas os companheiros do PT não toparam, é claro!
Assim, diante da negativa, o Planalto não pensou em nenhum momento em retirar unilateralmente a MP. Isso surgiu ali no círculo à volta de Rodrigo Maia, que decidiu fazer política de boa vizinhança com as esquerdas. Embora negue, há quem jure que está empenhadíssimo na sua reeleição para o cargo. Tem a sua própria maneira de entender o “diálogo” com a oposição. Nesse caso, tal maneira consistira em sair na fita como pacificador e em jogar o ministro da Educação, Mendonça Filho, às cobras. Não parece uma boa ideia.
Papo-furado
As invasões estão em declínio, muito especialmente no Paraná, o Estado mais atingido, em razão da atuação da Justiça, que tem determinado ações de reintegração de posse. Sim, haverá contratempos, e alguns milhares de alunos não poderão fazer o Enem neste fim de semana. A prova será adiada. O governo calcula um gasto extra para realizar as exames mais tarde da ordem de R$ 12 milhões.
É claro que o Ministério Público Federal já deveria ter entrado em ação para tentar responsabilizar os invasores. Mas, até agora, se queda inerme. Pior: quando atuou, ainda que por meio do discurso, foi em favor das invasões, o que é asqueroso. Eis aí como se comportam os guardiões da pátria quando se trata de enfrentar a esquerda que se quer… pura!
Os “companheiros” querem a reforma por meio de projeto de lei? Pois que tomem as providências, então, para que assim seja. Nada os impede de avançar nesse terreno. Mas a MP continua, até porque o Planalto dispõe de pesquisas sérias deixando claro que a reforma conta com o apoio de 70% dos estudantes.
Desgaste?
“Ah, mas e o desgaste do ministro Mendonça Filho?” Que desgaste? Será que o da Previdência ou do Trabalho esperam enfrentar resistência menor quando chegar a hora de suas respectivas pastas implementarem as mudanças? De resto, a MP do Ensino Médio é apenas o segundo pretexto dos invasores. O primeiro é mesmo a MP 241. E esta não foi imaginada pelo Ministério da Educação, certo?
A melhor coisa que o presidente da Câmara faz pelo Brasil é apoiar a legalidade e parar de flertar com gente que não respeita o Estado de Direito.
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