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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Haddad, o marxista pedestre, se candidata a presidir o PT e explica o Brasil com os dos dois pés no chão. E as duas mãos também!

Ai, ai…

Nem que eu tivesse viajado pelo cérebro de Fernando Haddad para escrever a minha coluna de sexta na Folha — mais ou menos à moda como Machado de Assis imaginou o adjetivo e o substantivo passeando na cabeça de um cônego prestes a fazer um discurso —, eu teria sido tão preciso na definição da mentalidade de um esquerdista.

Relembro o primeiro parágrafo da minha coluna:
“Uma das perspectivas mais estúpidas do pensamento de esquerda, não importa o seu matiz —e isso está na raiz do meu rompimento com a turma, no século passado—, é viver a história como um sintoma. Para os esquerdistas, nunca estamos no “é” da coisa. Experimentaríamos permanentemente ou os malefícios do retrocesso ou os frêmitos antecipatórios de uma ascese.”

Em entrevista à http://ift.tt/2fjeI4g Folha nesta segunda, o ainda prefeito de São Paulo faz precisamente aquilo que relato: vê o Brasil e o mundo vivendo uma, ora vejam, “fase”. Mais uma vez, estaríamos numa transição. Para pior, é claro!

O teórico pedestre uspiano — sem querer ofender, eu juro!, mas ele é ruim demais! — recupera um conceito um tantinho antigo do marxismo, o da superexploração, para declarar o desastre da globalização. E, nesse ponto, vejam que fabuloso!, ele se junta a algumas das mais caras lideranças da… extrema-direita! Marine Le Pen, da Frente Nacional da França, concordaria com boa parte das críticas de Haddad.

Referindo-se aos EUA, ele faz este juízo espetacular:
“você tem a precarização [do trabalho], sobretudo no nordeste, que era uma das regiões de base industrial nos EUA. Ele sucumbe. E você tem a emergência de forças ultraconservadoras de viés nacionalista, com a classe trabalhadora tradicional reagindo aos efeitos deletérios da globalização pela direita. Hoje a disputa, em escala global, inclusive na periferia do sistema, se dá entre a direita e a extrema direita.”

Ah, tá…

Haddad só não consegue explicar por que, então, a reação não se deu pela esquerda. Ou o nosso intelectual é do tipo que acredita que as teses de esquerdistas florescem mesmo é nos períodos de abundância? Dá para entender por que o doutor escreveu um livro asseverando a viabilidade do socialismo soviético pouco antes do fim da… União Soviética. Haddad vive esquecendo de combinar as coisas com os russos.

E é adorável a pompa com que ele diz besteiras assombrosas, que simplesmente estão em descompasso com os fatos. Vejam esta afirmação para explicar a crise brasileira:
“Com a crise de 2008, o ciclo de commodities teve que acabar. As economias centrais dependiam de matéria prima barata para recuperar seu dinamismo. A decisão da Arábia Saudita [de aumentar a produção de petróleo, fazendo o preço despencar] é política. Ela joga com os EUA. Com o fim do ciclo das commodities, começa a crise na periferia, em governos [da América Latina] de matriz econômica cujas bases não são mais sustentáveis. Isso explica parte da crise do governo Dilma [Rousseff]. Obviamente não explica tudo.”

Ah, que bom que não explica tudo. Até porque não explica nada! Na América Latina, quebraram a cara o Brasil, a Venezuela e a Argentina. Os demais países continuaram a crescer.

Mas é ao explicar os protestos de 2013 que Haddad se supera. Esse gigante do pensamento revela que contestou a leitura de Lula, segundo quem o PT já tinha dado o pão, e a população queria era a manteiga. O prefeito, um sábio, teria dito: “Não é isso”. Sabem  qual é a explicação deste monstro do pensamento? Os ricos estavam mais ricos com a globalização (aquela, sabem?, que teria dado socialmente errado…), e a classe média se sentia espremida, o termo é dele, vendo os pobres menos pobres…

Assim, Dilma e o PT teriam sido vítimas de dois sentimentos ruins da classe média: inveja dos ricos e ressentimento em relação aos pobres. Aí ele dá um triplo salto carpado e diz que isso resultou no impeachment, que, segundo ele, foi ilegal, o que leva o país a ter hoje um governo ilegítimo, que estaria governando com atos institucionais. E ele diz que a PEC dos gastos é o Ato Institucional nº 1 do governo Temer. Isso mesmo: uma proposta que só segue adiante com o apoio de pelos menos 60% da Câmara e do Senado, em quatro votações, se equipara, segundo esse fino pensador, a um Ato Institucional da ditadura.

Atenção! Isso é entrevista de quem se candidata a presidir o PT.

Tomara que dê certo!

Assim, este senhor enterra o partido de vez!

Que morra pelas mãos de Haddad o que viver não soube!



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