O governo faça o que quiser, não é? Mas certamente estará fazendo uma grande besteira se ceder a uma proposta de Rodrigo Maia, presidente da Câmara (DEM-RJ), que está empenhado — todo mundo sabe, e ele também, em se reeleger presidente da Câmara. Para tanto, precisa do apoio do PT, do PCdoB e outros, que já votaram nele na disputa anterior.
E como ele namora essas forças? Aderindo a parte de sua agenda, aquela que, para o próprio Maia, não tem relevância. E a questão do ensino médio está entre esses temas. Eis que o presidente da Câmara está disposto a levar ao presidente Michel Temer um pleito: retirar a MP do ensino médio e fazer a proposta tramitar por projeto de lei. Ele teve a ideia depois de se encontrar com deputados do PT e do PCdoB, seus potenciais eleitores.
Ah, sim: em troca, os esquerdistas se comprometeriam a contribuir para que o projeto avançasse. Não custa lembrar que o texto estava parado no Congresso havia três anos.
Por onde começar a tratar do absurdo? A minha primeira tentação é recomendar que o deputado não use uma questão dessa gravidade para contemplar seus aliados de esquerda. Em segundo lugar, observo que o principal prejudicado, do ponto de vista político, com essa iniciativa, seria o ministro Mendonça Filho, do DEM, correligionário de deputado. Isso pode explicar por que o partido só emagrece.
Em terceiro lugar, isso seria ceder a uma chantagem e entregar a inciativa política aos derrotados: “Ah, se o governo retira a MP, a gente se compromete a tratar do assunto”. Em quarto lugar, é preciso que se evidencie que só uma minoria de extremistas está contra o texto — e é ela que comanda as invasões de escola.
Em quinto lugar, note-se que as invasões esmorecem, estão em declínio. Retirar a MP corresponderia a declarar a vitória dos derrotados. Seria, realmente, uma coisa inédita na história. Em sexto lugar, todo mundo sabe que o projeto ficaria para as calendas porque não se conseguira o consenso mínimo nem para superar a primeira etapa.
É por isso que afirmo que a proposta de Maia não contempla certamente os interesses dos estudantes ou está a defender o que é mais eficiente. Essa tese pode ser boa para Maia e para as esquerdas, mas é ruim para os estudantes e para o governo Temer.
Só perde, não ganha
Ai do governo se vier a se deixar pautar pelas esquerdas… Nós sabemos o resultado: NÃO consegue o apoio de um único vermelhinho, que continuará a gritar por aí: “Temer golpista!”, e ainda perde o apoio daqueles que querem vê-lo enfrentar as boçalidades da esquerda. E não por uma questão de rixa ideológica, mas sim porque é preciso defender a democracia e o Estado de Direito.
Maia que se entenda com o PT e do PCdoB… Mas tente deixar o governo fora disso. Convém não negociar a sorte de milhões de estudantes.
Se Temer ceder nessa questão, não governa mais. Maia deve ter noção do absurdo que está a propor..
Acontece que seus anseios agora precisam do PT e do PCdoB.
Dizer o quê? Lamentável!
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