Já está claro que o PT e Lula são os grandes derrotados das eleições de 2016. Não menos claro é o fato de que o PSDB e Geraldo Alckmin, por intermédio do notável desempenho de João Dória, são os grandes vencedores. Mas, repetindo o que afirmei nesta segunda no programa “Os Pingos nos Is”, há uma derrota importante a ser registrada: o “Fora Temer”. Então as urnas disseram “Dentro Temer”? Não! Isso apenas não é uma questão. Ponto final. Ele é o presidente segundo as regras da Constituição. Ninguém pensou nisso ao votar.
O PT abraçou essa agenda e quebrou a cara. Notem: é claro que o partido foi punido pela roubalheira nestes anos de poder. Mas o que realmente pesou na razia de que a legenda foi vítima tem nome: chama-se crise econômica. A população não é boba e sabe qual é o partido responsável pelas suas dificuldades.
Os mais de 12 milhões de desempregados não surgiram do nada. É claro que alguns companheiros sempre podem dizer que, quando chegaram ao poder, o desemprego também era alto. É verdade. Mas responder à demanda por postos de trabalho com políticas públicas adequadas é uma das tarefas do governante. Jogar milhões no desemprego, mergulhar a economia na maior recessão de história, elevar os juros nos cornos da Lua e temperar isso tudo com inflação alta, bem, não é isso, definitivamente, o que se espera de um governo, não é mesmo?
Mais: tanto pior quando os brasileiros são obrigados a enfrentar todas essas dificuldades em razão de uma política deliberada, de uma escolha, de uma decisão. Não! Não estou dizendo que Dilma e os petistas quiseram fabricar o desemprego e tomaram a decisão de mandar a economia para o buraco. Esse tipo de raciocínio asnal é a esquerda que costuma fazer sobre seus adversários conservadores.
Acuso o PT, aí sim, é de não ter ouvido minimamente a voz do bom senso — e noto que, nesse caso, nem me refiro às críticas que tinham origem na oposição e na imprensa. Os companheiros poderiam ter ouvido aliados como Delfim Netto, por exemplo. Mas não. Ocorre que as escolhas econômicas estavam atreladas às questões eleitorais. Afinal, era preciso não perder o poder.
Então volto ao ponto. “Fora Temer?” Ora, “Fora Temer” por quê? E dentro quem? O partido que puniu os pobres com a sua política econômica e que, no arremate dos males, resolveu se comportar como organização criminosa?
A população deu seu recado: quase baniu as esquerdas do país. Por intermédio do voto.
E isso faz um baita sentido. Afinal, esquerda existe é para fazer revolução, não reforma. Se é para reformar, deixem que os conservadores sabem como fazer.
Esquerdista bom, na democracia, é esquerdista derrotado.
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