Ai, ai…
Ainda me lembro, e cheguei a expressar a minha perplexidade em textos, que não conseguia entender — vai ver não sou rico por isso — como é que Eike Batista havia se tornado um dos maiores bilionários do mundo. Tenho mania de pobre, hehe. Não fosse o risco, andaria com dinheiro vivo no bolso… Acontece frequentemente de estar apenas com alguns tostões na carteira. Não é preciso muito mais hoje em dia. Mesmo assim, sinto-me vulnerável. Gosto de ter a minha pouca riqueza materializada. Eike era de outra esfera. Ele anunciava reservas de petróleo, e os investidores acreditavam. Houve um tempo que, se vendesse terrenos na Lua, apareceria alguém para apostar.
Acho curioso: eu não acreditava porque via falhas na narrativa, no enredo, problemas de verossimilhança… Mas lá estavam outros bilionários e milionários a investir em Eike. Uma pausa. Volto depois ao ponto.
Neste momento, está em curso a Operação Eficiência, segunda fase da Lava-Jato-RJ. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, expediu nove mandados de prisão e quatro de condução coercitiva. Fernando Martins, um de seus advogados, afirmou que ele vai voltar para se entregar. Há também mandados de prisão para Sérgio Cabral, ex-governador, Wilson Carlos e Carlos Miranda. Ocorre que eles já estão presos. É o terceiro pedido de prisão contra o trio.
Enquanto escrevo, uma das prisões foi realizada: a de Flávio Godinho, apontado como operador do esquema. A ele caberia recolher a propina paga pelas empreiteiras que faziam obras no Rio. Os outros alvos são Sergio Castro, apontado como operador do esquema, Francisco Assis, o doleiro Álvaro Galliez e Thiago Aragão, ex-sócio da mulher de Cabral. O irmão do ex-governador, Maurício de Oliveira Cabral Santos, e Suzana Neves Cabral, sua ex-mulher, são alvos de condução coercitiva.
Que coisa! Voltemos a Eike. Ele não deixava de ser uma espécie de símbolo da era petista. Mais do que ninguém, rivalizava com o então presidente Lula nos sonhos da grandeza e na certeza de que o mundo ainda se renderia inteiro a seus pés. Eis aí. O empresário quebrou; sua fortuna bilionária se esfarelou; os anos dourados se foram.
Em pouco mais de 24 horas, é a segunda má notícia para Eike. Nesta terça, a Grande Corte de Justiça das Ilhas Cayman bloqueou bens do empresário no valor de US$ 63 milhões, atendendo a pedido de fundos que investiram em suas empresas de exploração de petróleo.
A ação foi movida pelos grupos Meridian Trust e American Associated. Eles acusam o empresário brasileiro e seus auxiliares de terem manipulado dados das empresas para atrair investimentos.
Informa a Folha: “Advogado de Eike Batista, Sérgio Bermudes, contesta o valor bloqueado e a decisão judicial. Diz que o bloqueio atinge US$ 6,8 milhões. O dinheiro estaria em duas contas nas Ilhas Cayman que pertenciam a empresas de Eike. Segundo Bermudes, a Justiça em primeira instância das Ilhas Cayman determinou o bloqueio de contas no país e no exterior, o que ele considerou ilegal.”
Prisão preventiva Eike teve a prisão preventiva decretada. É aquela sem prazo. Será que vem uma nova delação por aí?
Não deixa de ser um desfecho melancólico, né? Eike anunciava que uma de suas ambições era se tornar o homem mais rico do mundo. Não deu certo. Em vez disso, a cadeia.
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