E Donald Trump, o líder que está sendo visto como modelo de estadista por esquerdistas mundo afora ao declarar guerra à globalização, não vai deixar, no entanto, a extrema-direita nativa na mão. Nada disso! Além de prometer mais postos de trabalho aos americanos, com plantas industriais que devem retornar aos EUA, o homem vai excitar as muitas formas que podem assumir o rancor e a xenofobia.
Ele já assinou a ordem executiva que determina a construção do muro na fronteira com o México. O governo do país vizinho já disse que não vai pagar pela obra — conforme deseja o americano.
Bem, dizer o quê? O muro, obviamente, é a expressão material, física, do antiglobalismo “trumpeiro”. Se o horizonte do globalismo é a eliminação das fronteiras, Trump deixa claro que, com ele, vai se caminhar no sentido contrário. É claro que é um troço asqueroso.
Até porque, o novo umbral da história, que foi atravessado com o fim da União Soviética, tem um símbolo: justamente a queda do Muro de Berlim. Há outras barreiras físicas, como a que separa israelenses de palestinos na Cisjordânia. Ocorre que se está a falar ali de uma guerra. Ergueu-se a barreira para impedir ações terroristas, que caíram drasticamente. Mas esse não é o caso do México. É um espanto que um governante decida levantar um muro na divisa com um país aliado.
Os primeiros passos de Trump parecem indicar que o maluco pretende mesmo se levar a sério.
A coisa não ficou no muro.
A imprensa americana também tem elementos indicado que ele pretende autorizar a tortura em interrogatórios e a retomada das prisões secretas.
Tudo, como diz o biltre, para fazer a América grande de novo: muro, tortura, prisões secretas.
E, claro!, com nacionalismo, xenofobia e protecionismo.
Ah, sim: Trump acusa a imprensa de mentir. Ora, mentir pra quê? Sobre ele, basta que se diga a verdade.
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