O lobby em favor da descriminação das drogas é um dos mais fortes do Brasil. A bandeira costuma ser brandida pela esquerda, que mudou sua abordagem sobre o assunto, especialmente a partir do fim da década de 60. Antes tidas como símbolos da alienação burguesa, as substâncias ditas ilícitas passaram à condição de agentes da libertação.
À direita, não são poucas as correntes que pensam a mesma coisa, encarecendo, nesse caso, a liberdade individual. Se o Espírito Santo fornecesse a cada um a droga e a dose de sua predileção, assim poderia ser. Mas a produção, a venda e o consumo ocorrem dentro de uma organização dada; são, pois, fenômenos sociais e econômicos. Meu querido consumidor esquerdista ou libertário! Mesmo quando tudo nos é permitido, nem tudo nos convém. Estamos aqui a falar de Paulo, o Apóstolo. Ademais, a plena liberdade é também a plena solidão.
O tema da descriminação do consumo de drogas, nesse momento, é uma excrescência que atende a um viés puramente ideológico. Ora, se as facções criminosas deixassem de ter no tráfico a sua fonte principal de renda, passariam, por acaso, à condição de contribuintes da Receita Federal, aí já como conglomerados empresariais? Com a devida vênia, é um raciocínio meio asnal. Depois faríamos o quê? A descriminação do roubo de automóveis? Dos sequestros? Dos assaltos? É como o marido ou a mulher que resolve dar sumiço ao sofá em que flagrou o parceiro em saliências com o vizinho ou com a vizinha. Não fosse o sofá…
Então o Estado brasileiro não consegue impedir que um preso trancafiado passe adiante uma ordem para matar pessoas ou para meter o terror na sociedade, e uma das ideias que temos para resolver o problema é libertar traficantes — só os pequenos, claro…?
A tese é obviamente insustentável.
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