É fatal que se façam também agora as perguntas que se fazem a cada resultado de uma nova eleição: quem é o grande derrotado? Quem é o grande vitorioso? Bem, acho que ninguém tem dúvida de que o PT, até pelo desempenho pífio no país, é o grande derrotado. Mas não só a legenda: a razia a que se assiste tem uma face, uma personalidade, um discurso: chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele foi o grande Midas às avessas dessa eleição. Desde quando anunciou, tentando fazer a Terra tremer, que, ao convocá-lo coercitivamente para depor — o que era, de fato, uma desnecessidade —, Sérgio Moro havia apenas batido no rabo da jararaca e que, para matar a serpente, seria preciso bater na cabeça, estamos esperando a reação de sua peçonha. De lá para cá, nada se viu. Os atos bisonhos foram se multiplicando.
Lula resolveu sair Brasil afora apoiando candidatos. O resultado, tudo indica, foi contraproducente. Em companhia de Dilma, o ex-poderoso chefão resolveu fazer campanha, por exemplo, para Alice Portugal, do PCdoB, em Salvador, na disputa contra o prefeito ACM Neto, do DEM. A dupla só serviu para valorizar a acachapante vitória do democrata. Dava-se como certo que seria reeleito. Mas com 73,99% dos votos? Lula e Dilma fizeram o favor de emprestar a um disputa que poderia ter apenas cores locais o sabor de uma vitória de dimensão nacional.
O ex-presidente também andou pelo tal cinturão vermelho de São Paulo. Demonizou coxinhas, falou mal de tucanos, acusou conspirações, disse que tudo não passa de uma campanha para impedi-lo de voltar à Presidência, falou em nome dos trabalhadores, anunciou o corte de direitos trabalhistas, antecipou o fim do mundo… Resultado no Estado de São Paulo: sete prefeituras apenas — em 2012, foram 72. No país, míseras 256, contra 630 há quatro anos.
Mas foi na capital paulista que os petistas encontraram a definição mais acabada do desastre. Como informei neste blog, logo depois do debate de quinta, na Globo, o tracking da campanha tucana começou a perceber a possibilidade de João Dória vencer no primeiro turno. Mas nem mesmo os partidários mais entusiasmados do agora prefeito eleito contavam com uma votação tão consagradora. Tudo é inédito nessa conquista: a vitória no primeiro turno, a rapidez da ascensão, o vexame protagonizado pelo petismo.
Ah, meus caros, já enumerei aqui por que as coisas deram tão certo para Dória e tão errado para seus adversários. Mas não se descarte, de maneira nenhuma, a contribuição de Lula para a disparada final do candidato do PSDB. Como noticiou fartamente a imprensa, nos dias finais que antecederam a disputa, o companheiro houve por bem, ora vejam, brigar com o eleitor. Teve um ataque de Marilena Chaui.
Ah, claro! Ele também colou em João Paulo, o petista que chegou a liderar a disputa pela Prefeitura de Recife. O prefeito Geraldo Júlio faz uma gestão aprovada pela maioria da população, mas o candidato do PT administrou a cidade por oito anos e deixou o cargo com boa avaliação. Tão logo evidenciou a força de sua tutela, o petista empacou. E não tem a menor chance de ser bem-sucedido na etapa final. Geraldo Júlio ficou a 0,7% de vencer no primeiro turno.
O país dá um sinal maiúsculo de que não aceita mais a bobajada petista de que há apenas uma maneira de votar em favor do bem, do belo e do justo. Até porque os companheiros ficaram 13 anos no poder e nos deixaram como legado o que se vê aí.
Para encerrar: Marcos Cláudio Lula da Silva, enteado de Lula, mas tornado seu filho, com o devido registro e tudo, se candidatou a vereador em São Bernardo. Sim, a campanha sempre deixou claro: “É o filho de Lula!”. O rapaz obteve 1.504 votos. Não foi eleito. Ficou na 58ª colocação. Com outro padrinho, quem sabe…
Falta agora falar do grande vitorioso. No próximo post.
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