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sábado, 1 de outubro de 2016

ELEIÇÕES – Acorda, Rio! Entre a luz no fim do túnel e o túnel no fim da luz

Qualquer carioca com um mínimo de honestidade intelectual — e, por óbvio, excluo dessa turma os esquerdinhas da Jandira e do Freixo — tem de admitir: Eduardo Paes, do PMDB, é o melhor prefeito que a cidade tem em muitos anos. E esse “muitos” quer dizer “muitos” mesmo. Talvez o padrão de comparação, nas virtudes, não nos defeitos, deva ser Carlos Lacerda, o governador da ainda “Guanabara”. Os tempos eram outros, sei disso. Mas o fato é que, a partir de então, o que se viu foi o Rio mergulhar na bagunça continuada. E a brizolização do Estado e do município contribuiu enormemente para o desastre. Foi Paes — e isto é fato, não é gosto — que fez a cidade voltar a ter orgulho de si mesma. E não que os problemas sejam pequenos, como sabemos.

Se eu votasse no Rio, daria meu voto a Pedro Paulo (PMDB), com quem nunca falei. Não o conheço. Contam-me que é competente. Sei da questão familiar que o atingiu, mas tenho claro também que Rodrigo Janot, da sacrossanta Lava-Jato, recomendou que se arquivasse a investigação contra ele. Se o Ministério Público Federal tem o poder de mandar o político para o inferno, que se lhe reconheça o poder de tirá-lo de lá, não? E o STF arquivou a investigação. Toco no assunto para não ficar fazendo aqui o jogo do contente. É evidente que o episódio foi usado largamente para atingir sua candidatura.

“Votaria em quem nem conhece?” Explico: daria um voto de confiança a um padrão de gestão, que, entendo, poderia ser seguido pelo candidato que tem o apoio do prefeito. Quando menos, acho que os cariocas deveriam dar à sua cidade a chance de um segundo turno em que as qualidades — e, claro!, os defeitos — da atual gestão pudessem ser eficientemente debatidos, o que não acontece na algaravia do primeiro turno.

Que chance há de se fazer um debate político e intelectual minimamente honesto em meio à gritaria de Jandira e Freixo, com suas soluções simples e erradas para problemas difíceis. Ou, a depender do tema, com a histórica vocação das esquerdas para tornar mais agudo um problema sem nunca ter a resposta? Afinal, como sabemos, para essa turma, primeira vem a revolução. E só depois a solução.

Acho, sim, espantoso que alguém como Freixo corra o risco de disputar o segundo turno com Marcelo Crivella. À sua maneira, são dois que se consideram iluminados: Freixo recebeu a luz de Karl Marx, e o senador, de Edir Macedo. Em vez de o Rio escolher a luz no fim do túnel, pode escolher o túnel do fim da luz, que é o chamado buraco negro.

Que se dê à cidade a chance de confrontar dois modelos de gestão: o de Eduardo Paes, ao qual Pedro Paulo pode dar sequência, e o de Marcelo Crivella, seja ele qual for. Mas isso só vai acontecer, vamos ser claros, se Pedro Paulo estiver no segundo turno. Os cariocas que não querem ver uma disputa entre Crivella e Freixo têm a opção do voto útil em Pedro Paulo. Até porque a turma do PSOL, me contam, resolveu avançar no eleitorado de Jandira para fazer a fagocitose. Quaisquer dois pontos percentuais pode fazer a diferença.

Minha abordagem não é ideológica. Tive e tenho minhas diferenças com Eduardo Paes, o que não me impede de reconhecer a sua capacidade de trabalho. Aliás, não conheço carioca nenhum que negue isso, inclusive os que dizem que não votam em Pedro Paulo por isso ou por aquilo.

Sim, senhores! Nas democracias, é preciso fazer essa conta que faço aqui. Insisto, cariocas: deem ao menos a chance de a cidade debater melhor um padrão de gestão que tirou o Rio do buraco. Ou — e o risco é grande — do buraco vocês saíram e ao buraco retornarão.

Luz no fim do túnel! E não túnel no fim da luz.



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