Meus caros, antes que eu entre no mérito do que decidiu Teori Zavascki sobre um pedido feito pela defesa de Lula, terei de fazer uma digressão. Daquelas que, como costumo dizer, nos aproximam do tema.
A exemplo de todo mundo, gosto que gostem de mim. A exemplo de todo mundo, prefiro o aplauso à vaia. A exemplo de todo mundo, folgo mais em estar certo em companhia da maioria do que errado junto com a minoria.
Mas jamais diria o que não penso para ser gostado.
Jamais condescenderia com o que considero um erro para ser aplaudido.
Jamais abandonaria uma convicção para não me sentir isolado.
Jamais fraudaria um valor para manter um emprego.
O que há de heroico nisso? Nada! Na verdade, não fico me perguntando isso ou aquilo quando e enquanto escrevo. Não indago antes o que meus aliados pensam. Menos ainda me interessa o que acham meus adversários intelectuais. Opino simplesmente segundo o que sei, segundo o que apurei, segundo as leis, segundo as minhas convicções.
Já me chamaram de tudo e mais um pouco. Um notório professor de esquerda, que atua fora do Brasil, jura por aí que sou da CIA… Nada menos! Já me disseram do Opus Dei. Tucanismo, então, é atribuição corriqueira. O deputado Jean Wyllys (PSOL) achou que conseguiria me ofender gravemente ao me chamar de “bichona enrustida”. Ele acha que chamar o adversário de gay é ofensa. De uns tempos para cá, alguns iluminados resolveram ver nas opiniões do criador da palavra “petralha” ecos de… petismo e lulismo! Sim, bater em mim rende “cliques”. As esquerdas sabem disso. A extrema-direita também.
E por que haveria ecos de lulo-petismo em parte das minhas opiniões? Ora, porque eu apontei alguns desmandos na Lava-Jato. E vou fazê-lo sempre que julgar necessário e apropriado. Eu não quero saber se o alvo da operação é Lula ou um Zé Ninguém endinheirado. A minha luta é pela democracia e pelo Estado de Direito. Por isso o petismo nunca se criou comigo.
Repudio o que Lula fez ao Brasil e contra o Brasil. Acho que, respeitado o devido processo legal, seu lugar é a cadeia. A pessoa dele nada me diz. Nem desperta meu amor nem desperta meu ódio. Esses dois sentimentos são escravos. Quem ama se deixou capturar pela outra pessoa. Quem odeia também. Eu simplesmente analiso. Ah, o amor pode ser um doce cativeiro. O ódio será sempre um inferno.
Agora ao caso
A defesa de Lula recorreu ao Supremo para retirar da 13ª Vara Federal de Curitiba — leia-se: das mãos de Sérgio Moro — os inquéritos que lá correm contra o ex-presidente, a saber: o do tríplex de Guarujá e o do sítio de Atibaia.
Teori recursou o pedido, como eu disse aqui que faria. Os outros quatro membros da segunda turma o seguiram Antes de votar, no entanto, o ministro passou um pito claríssimo na Força-Tarefa, em especial em Deltan Dallagnol. Referiu-se àquela coletiva em que o procurador tratou Lula como chefe de organização criminosa — para depois denunciá-lo por lavagem de dinheiro e corrupção passiva — como espetáculo.
Disse o ministro:
“(…) Lá em Curitiba, se deu notícias sobre organização criminosa, colocando o presidente Lula como líder da organização criminosa, dando a impressão, sim, de que se estaria investigando essa organização criminosa, mas o objeto da denúncia não foi nada disso. Essa espetacularização do episódio não é compatível nem como objeto da denúncia nem com a seriedade que se exige na operação desses fatos”.
Se for o caso, leiam de novo. Venham cá: ALGUÉM VAI SAIR BERRANDO POR AÍ QUE TEORI TEM ATUANDO NO PROCESSO PARA PROTEGER LULA?
O ministro disse mais: que a defesa do ex-presidente poderia recorrer ao Supremo contra aquele evento, mas não para retirar a investigação da 13ª Vara.
Isso é o que disse Teori. Agora eu vou lembrar o que disse Reinaldo Azevedo:
“É inadmissível que o Ministério Público arme aquela cena, sim, mas sem apresentar o tipo penal: cadê a denúncia que aponta, então, Lula como o chefe de uma organização criminosa? Se Dallagnol diz que Lula é o ‘general do petrolão’, e eu acho que ele é, não pode pura e simplesmente emitir uma opinião. Um procurador investiga e oferece denúncia — ou pede abertura de inquérito. Qualquer advogado sabe que o MPF cometeu um erro grave nesta quarta-feira, talvez o maior desde o início da Lava-Jato. A defesa de Lula vai deitar e rolar. Saibam que, neste momento, os meios jurídicos estão em polvorosa. E não porque gostem da impunidade, mas porque se abriu uma vereda sem igual para Lula.”
A íntegra do texto está aqui.
E escrevi igualmente que o pedido da defesa de Lula não procedia.
Saibam os que pretendem me atacar em blogs por aí: eu realmente não dou a menor pelota para o que dizem ou pensam a meu respeito. Aliás, até me corrijo um tanto: em parte ao menos, talvez eu me importe, sim.
A depender de onde parte o ataque, só reforça a minha convicção de que estou certo. Até porque eu sempre opino amparado na lei. E, quando eu a considero ruim, cobro que seja mudada. Mas só aceito decisões que respeitem a ordem legal.
Esse cara sou eu.
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