O mundo político em Brasília ficou perplexo, claro!, com a prisão de Eduardo Cunha. Em primeiro lugar, porque ela era dada como certa, só não se se sabia a hora. Em segundo, porque aconteceu.
Fiquemos no primeiro aspecto. Como Sergio Moro havia dado, 48 horas antes, 10 dias para Cunha apresentar sua defesa prévia justamente nesse processo que o levou à cadeia, não se esperava que tal decisão fosse tomada nesse intervalo. Moro, no entanto, não tem compromisso com a ortodoxia.
E, e é evidente, começou o ciclo de especulações sobre a possível delação premiada do ex-deputado. O procedimento não foi descartado por Paulinho da Força (SD-SP), seu fiel escudeiro. Voltarei a esse assunto em outro post.
O governo e os governistas preferiram não comentar o episódio — no que, convenham, fizeram muito bem. Comentar o quê? Qualquer fala meio impensada vira um tsunami de problemas.
Quem saiu gazeteando pelos corredores e salões do Congresso que o governo Temer passou a ter uma corda no pescoço foram os oposicionistas, muito especialmente os petistas.
Essa gente é, a seu modo, curiosa. Antonio Palocci está preso sob a acusação, entre outras, de criar facilidades para a Odebrecht, e os companheiros não veem um Lula enrascado!?!?!? Mas anteveem a queda do governo com a prisão de Cunha e sua eventual delação premiada. É mesmo?
Pode ser que a realidade se complique para Temer? Até pode. Vamos ver. Uma coisa, no entanto, é certa: o então vice não tinha, como é sabido, instrumentos para aquinhoar este ou aquele. Que se tenha notícia, ninguém procurou envolvê-lo pessoalmente com safadezas. Se houver um ponto fraco, será o PMDB. Isso à parte, não existe razão para antever que o governo Temer cairá se Cunha botar a boca no trombone.
Com tudo o que se sabe e tudo o que vazou sobre a Lava-Jato até agora, o presidente, ele mesmo, não saiu arranhado. Mas, de fato, há o risco de que não se possa falar o mesmo sobre seus ministros. E se, em muitos casos, for até uma solução?
Se os auxiliares de Temer se complicarem? Bem, terão de ser trocados, essa é a regra. Por enquanto, o que se vê é muito foguetório. Acrescento: ainda que se queira ligar Cunha a Temer, o fato é que aquele nunca foi tão próximo deste como Palocci foi de Lula.
Talvez o senador Lindbergfh Farias devesse comemorar a coisa com mais parcimônia e voltar as suas energias para o seu próprio partido. Até porque, vamos convir, uma eventual queda do governo Temer não teria o condão de levar o PT de volta ao poder.
As eleições deste 2016 evidenciaram o peso que tem a legenda. Está na lona.
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