Se vocês procurarem no arquivo do meu blog, vão encontrar dezenas de textos em que defendo que se ponha um fim ao sigilo das delações da Odebrecht e de quaisquer outras. Por quê? Porque os vazamentos, tragam verdades ou mentiras, ditam o rumo dos acontecimentos, as ações políticas, o destino de país. Sendo assim, estamos, na prática, sendo governados por quem decide o que vazar e contra quem.
Reportagem de capa da VEJA afirma que Benedito Júnior, ou BJ, ex-diretor do grupo Odebrecht, teria dito em delação que depositou dinheiro, fruto de “contrapartidas” em obras, numa conta de um banco em Nova York, administrada por Andrea Neves, irmã do senador. O nome da instituição não foi divulgado. As “contrapartidas” diriam respeito às construções da Cidade Administrativa, em Minas, e da usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia.
Alberto Toron, advogado de Aécio, afirma ter entrado em contato com Alexandre Wunderlich, defensor de BJ. Wunderlich negou, garante Toron, que seu cliente tenha feito tal afirmação contra Aécio em delação.
Em nota enviada à VEJA, o senador repele com veemência as acusações. O mesmo faz Andrea, que classificou a acusação de “falsa, covarde e mentirosa”. Ela diz ainda: “É lamentável que afirmações dessa gravidade sejam divulgadas sem que seja checada antes a sua veracidade. Assim que forem apresentados os dados que permitam identificar o banco e a conta, vou cuidar pessoalmente de provar a falsidade da acusação. Infelizmente, quando isso ocorrer, a publicação do desmentido não será capaz de reparar os danos causados pela divulgação da falsa informação. Tristes tempos esses em que palavras de acusação, mesmo quando facilmente comprovadas suas falsidades, valem mais que a verdade”.
Sim, uma coisa parece certa: caso se conheça o banco, fica fácil saber se existe a tal conta administrada por Andrea ou em seu nome. Isso não é mera questão de opinião. Aécio, por sua vez, diz ser a acusação “falsa e absurda”. Mais: “Se confirmadas tais declarações — vazadas ilegalmente —, elas precisam necessariamente de comprovação, dada a gravidade de seu conteúdo”. Ele também reclama não ter nem como se defender, já que não cita o nome do banco ou o número da conta.
Na nota, Aécio diz ser um “defensor da liberação imediata e total do conteúdo das delações. Com isso, os acusados poderão saber exatamente do que precisam se defender”. Lê-se mais: “Se feita, a afirmação sobre a existência de uma conta em Nova York, controlada pela irmã do senador Aécio Neves, obriga a que o delator apresente dados da mesma. Ao fazê-lo, ficarão comprovadas a mentira e a covardia da falsa acusação”. O tucano disse que “jamais manteve com o delator qualquer abordagem ilícita”.
É urgente!
Consta que Edson Fachin, relator do petrolão no Supremo, só começa a decidir em abril sobre o pedido de abertura de 83 inquéritos, feito por Rodrigo Janot, com base nas delações da Odebrecht. Não está claro se vai decretar o fim do sigilo das delações ou não.
Bem, meus caros, de qual sigilo se está a falar? A cada dia, surge um novo petardo contra alguém, oriundo desse material secreto. O país não pode ficar nas mãos de vazadores, não é mesmo? Não vejo outra saída para esse particular que não escancarar as coisas de vez. Culpados ou inocentes, os políticos não podem ficar reféns de pessoas que também estão cometendo crimes. E, por óbvio, algum propósito hão de ter.
Chega! Fim do sigilo já!
Arquivado em:Brasil, Política
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