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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Se Dilma sofrer impeachment, o PSDB participar do governo Temer é matéria de responsabilidade

Existem, como queria Max Weber, duas éticas que vivem num estado de tensão virtuosa: a Ética da Responsabilidade e a Ética da Convicção. Aos homens públicos, com frequência, cumpre exercitar a primeira, desde que esta, claro!, não violente princípios ou, numa situação extrema, imponha a escolha do mal menor, na ausência de uma alternativa.

É claro que trato aqui da política levada a sério; é claro que trato aqui da política obrigada, muitas vezes, a abrir mão de uma convicção ou outra em nome da… responsabilidade. Vocês acham que foi por gosto que Franklin Roosevelt e Winston Churchill se uniram a Stálin para derrotar o nazi-fascismo? Acho que não. Cito um caso extremo não para fazer comparações, mas para ilustrar a essência da questão em debate.

Neste domingo, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) admitiu que o PSDB tem “predisposição” de participar de um eventual governo de Michel Temer. A declaração do tucano foi concedida durante a manifestação pró-impeachment realizada na Avenida Paulista.

Aloysio chegou a discursar em um dos carros de som, assim como José Serra, que também participou do ato em São Paulo. Serra seguiu na mesma linha do colega de Senado e afirmou que, “se houver um novo governo, vai ter entendimento com base no que se pretende fazer no Brasil”.

Outros líderes da oposição participaram dos protestos pelo país. Um deles foi o presidente do DEM, José Agripino Maia, que foi às ruas de Natal e disse que seu partido apoiará Temer “sem condicionamento de participação”.
A oposição aderiu formalmente ao impeachment. É claro que não faz sentido, do ponto de vista da responsabilidade, apoiar a deposição de um governo e dizer ao seu potencial sucessor, numa situação de grave crise política: “Vire-se!”. Isso é coisa de petista.

Foi o que o PT fez com Itamar Franco, porque o partido dava de barato que venceria as eleições presidenciais de 1994.

Graças a Deus!, não é mesmo? Itamar levou o PSDB para o governo, e FHC implementou o Plano Real.

Ah, sim: o PT não só não apoiou Itamar Franco como pediu o seu impeachment. O autor foi o agora ministro Jaques Wagner (Casa Civil), que considera “golpe” o impedimento de Dilma. E olhem que Itamar não tinha cometido crime nenhum. As agressões de Dilma à Lei 1.079, que é a que define os crimes de responsabilidade, estão absolutamente comprovadas.

Aqui e ali, a conspiração dos imbecis, inclusive na imprensa, usa a possibilidade de o PSDB participar do governo Temer, caso Dilma seja impedida, como se fosse a prova dos noves de que há mesmo uma conspiração em curso. Como se estivéssemos diante da evidência de que, inconformado ainda com o resultado das urnas, o partido estivesse apenas querendo dar um golpe.

Ora, o que esperavam que os tucanos fizessem? Das duas, uma, sem chance para terceira escolha: ou apoiam a deposição de Dilma e oferecem ao futuro governo a chance de constituir um núcleo de governabilidade ou ficam fora do jogo e se omitem a respeito.

Claro! O partido entrou com uma ação no TSE que pode inviabilizar presidente e vice, todos sabemos. Mas aí estaríamos diante de outra realidade. Caso isso aconteça, teremos eleições presidenciais, se o duplo impedimento se der nos primeiros dois anos, ou eleição indireta se nos dois anos finais, o que também facilitará a formação de um núcleo de governabilidade.

Se o PSDB fosse irresponsável e mesquinho como o PT foi em 1992, apoiaria agora a deposição de Dilma e diria para Temer: “Vire-se!”.

Mas ninguém tem o direito de ser como o PT. Nem o próprio PT.



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