Aqui e ali, incluindo alguns queridos amigos meus, ouço que movimentos pró-impeachment, às vezes, são tão intolerantes com a imprensa como os petistas. É uma percepção errada. E é fácil dizer por quê.
A imprensa está sujeita à contestação, como qualquer outro ente ou pessoa da sociedade. Não está acima do bem e do mal. Mas tem de ser livre.
Já vi o MBL e o Vem pra Rua, por exemplo, fazer críticas muito duras ao jornalismo. Algumas são improcedentes. Outras são impecáveis. E daí? Nunca vi, no entanto, nem um nem outro pedindo censura à imprensa, controle social da mídia, Conselho Federal de Jornalismo e outras porcarias.
Há, reitero, uma diferença entre fazer o debate democrático, questionando os critérios, e defender a criação de um órgão de Estado ou de um órgão partidário para dirigir o trabalho dos jornalistas.
Militância
Movimentos de orientação ou inclinação liberal, como o MBL e o Vem Pra Rua tendem, claro, a se irritar um pouco mais com a cobertura de amplos setores da imprensa do que os vários grupelhos organizados numa infinidade de “ismos”. A razão é conhecida.
As redações estão tomadas de militantes: são cicloativistas, fêmino-ativistas, homoativistas, esquerdo-ativistas, trans-ativistas, esquisito-ativistas e seguem por aí. Qualquer dita “minoria” ou dito movimento de contestação ao establishment que tome as ruas conta com a solidariedade automática da imprensa. E todos sabemos disso.
Imaginem se um repórter ou uma repórter se atreveria a indagar àquelas senhoras furiosas que saem às ruas em favor do aborto se elas acham certo obstruir as ciclofaixas… Nessas horas, ciclistas militantes, feticidas e jornalistas formam uma frente única.
É diferente
Quando, no entanto, o espaço público é tomado por grupos como o MBL e o Vem Pra Rua, aí a coisa muda de figura. O militante da redação sente queimar a orelha, incomoda-se, sente-se na obrigação da combater o que julga ser “a direita”. O compromisso com a isenção vai para o ralo.
Afinal, onde já se viu: ainda que esses dois grupos tenham opiniões absolutamente civilizadas e democráticas sobre cada uma daquelas minorias militantes e sua agenda, ousam tratar de uma pauta que é um pouco mais ampla e que remete ao centro do poder.
E passam, então, a ser tratados entre a ironia grosseira e os pontapés.
Novidade
Mas eu tenho uma novidade para os que ainda não perceberam com a música toca. As ruas não dependem mais da imprensa para existir. A Internet possibilita, sim, que muito horror venha à tona, e ele tem de ser combatido, mas permite também que se fale diretamente com os cidadãos.
O statu quo cultural, obviamente, é de esquerda, e setores importantes da imprensa falam hoje a linguagem do oficialismo.
Mas há os que ousam ir na contramão. Não dependem da aprovação de ninguém. E falam à maioria.
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