O que a presidente espera que vai acontecer agora, além da contínua deterioração das expectativas, enquanto ela permanecer no governo?
Ela sabe muito bem que mesmo o seu partido já não serve como núcleo mínimo de governabilidade. Ou Dilma não assistiu a uma óbvia rebelião da máquina partidária?
A presidente diz que Cunha tentou uma chantagem; ele desmente e afirma que o Planalto é que quis negociar. Quem está falando a verdade? Provavelmente, os dois lados. O fato inconteste é que o governo ordenou que os três deputados do PT votassem em favor do presidente da Câmara, mas eles preferiram seguir a orientação da legenda e fazer o contrário, mesmo sabendo que isso implicaria a aceitação da denúncia contra Dilma.
O que isso quer dizer? O óbvio: em defesa do partido — e é claro que o voto em Cunha tinha tudo mesmo para ser um peso enorme a carregar —, os petistas podem entregar Dilma às cobras. Não estão nem aí.
Ora, isso tem outra implicação: os petistas já começam a dar a luta por perdida e já pensam no momento pós-ruína, no que vai sobrar da legenda. E vamos ser claros: Dilma não está nos planos porque nunca esteve.
Alguém tem alguma dúvida de que a legenda faria por Lula o sacrifício que não fez por Dilma? Lá atrás, no muito antigamente, sugeri a ela: saia do PT, livre-se dessa turma, fique sem partido e tente montar um ministério de transição, encaminhando, inclusive, uma emenda parlamentarista. Tivesse me ouvido, talvez tivesse conseguido salvar o seu mandato.
Agora já não há tempo. Ou melhor: há muito, esse tempo se esgotou. Agora, a sociedade já precificou o “Fica, Dilma” e “Sai, Dilma”. E o primeiro é brutalmente mais caro.
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