O cenário que temos aí demonstra a importância de o governo contar com esbirros que lhe façam aparente oposição de esquerda. A denúncia contra Cunha, que ajudou a tirar Dilma, o PT e o governo do noticiário, foi protocolada pelo PSOL e pela Rede.
Até aí, vá lá. As duas legendas poderiam estar empenhadas em fazer Cunha responder pelo que fez — mas poderiam, igualmente, cobrar que Dilma também fosse responsabilizada.
Que nada! Marina Silva não quer nem ouvir falar no impeachment agora por interesses puramente eleitoreiros. É candidata em 2018, e a ela interessa uma Dilma pedindo água no fim do mandato. A rede sonha herdar a militância de esquerda petista, que estará em busca de um novo guia, de um novo demiurgo. Como Luiz Inácio Lula da Silva está morto, Marina se oferece para ser a Silva em seu lugar, também ela portadora de supostos dons demiúrgicos.
O PSOL é o que sempre foi: linha auxiliar do PT, militando pela esquerda, buscando conservar certa, e suposta apenas!, aura de pureza que a nave-mãe perdeu faz tempo. Tenta se fingir de oposição, mas não consegue.
Ao PSOL, é confortável que o PT seja, vamos dizer, a esquerda possível no poder para que ele, PSOL, possa, então, ser a esquerda impossível…
Com a devida vênia, as duas legendas são intelectualmente mais desonestas do que o PT, que assume com clareza que não quer o impeachment. Afinal, não é do seu interesse. Ou por outra: os petistas ao menos não alegam a pureza que o PSOL e a Rede pretendem ter. E que, obviamente, não têm.
Ora vejam… Dois terços do país querem o impeachment de Dilma, mas as duas legendas se lançaram de corpo e alma no esforço para derrubar Eduardo Cunha. Deve ser a isso que Marina chama não ser nem de direita nem de esquerda, nem de oposição nem de situação. A síntese poderia ser essa: o pecar mais conduz ao perdão; o pecar menos, ao inferno.
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