Escrevi ontem aqui, lembram-se os leitores, que, a despeito do desastre da gestão de Fernando Haddad (PT), na cidade de São Paulo, ele não poderia ser considerado carta fora do baralho. Segundo o Datafolha, 49% dos paulistanos considera sua gestão ruim ou péssima. Apenas 15% a veem como boa. Está escrito lá: “Será que esses números indicam que Haddad está liquidado na disputa eleitoral do ano que vem? Deveriam indicar, sim! Para o bem da cidade. Mas pode não ser verdade, o que seria uma catástrofe. Tratarei disso em outro post.”
E eu havia me destinado a escrever justamente que, dado o perfil da disputa, com a fragmentação de votos, não é impossível o prefeito ocupar um segundo lugar, embora pareça difícil porque ele tem um adversário poderoso: o pobre!
Se a eleição fosse hoje e se todos os nomes postos realmente disputassem, Celso Russomanno (PRB) ficaria isolado no primeiro lugar, com 34%. Há um triplo empate no segundo lugar: Marta Suplicy (PMDB), 13%; José Luiz Datena (PP), 13% ou 12% e Fernando Haddad (PT), 12%. Disputando o quinto lugar, mais um empate: Marco Feliciano (PSC) obtém 4% quando o candidato tucano é João Dória Jr. (3%) ou 5% quando Andréa Matarazzo (4%) aparece como o nome do PSDB. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos.
Mas será que todo mundo vai mesmo disputar? Eu aposto que Datena e Feliciano, por exemplo, não vão. Nesse caso, para onde migrariam os votos? Na eleição passada, viu-se que Russomanno é um candidato muito bom de largada, mas ruim de chegada. Quem fez picadinho do seu nome em 2012 foi o PT. Dada a gestão desastrada de Haddad, o deputado do PRB pode resistir à saraivada desta vez. Vamos ver.
Quando se cruzam os dados de renda com as preferências eleitorais, destaca-se desde logo uma ironia: Fernando Haddad, o petista, é o candidato preferido dos mais ricos, dos que ganham mais de 10 salários mínimos: até 23% dizem que votariam nele. Talvez o jornalismo devesse investigar a relação entre riqueza e bicicleta… O que lhes parece? O pior desempenho do prefeito se dá justamente entre os pobres, com até dois salários de renda: 6% ou 8%.
Nos demais segmentos de renda, Russomanno lidera em qualquer cenário, chegando a ter 37% entre os que recebem até dois mínimos e 39% entre os que vão de dois a cinco. Seu pior despenho está entre os mais endinheirados. Pode cair para 16%.
Marta e os pobres
A peemedebista Marta Suplicy obtém seu melhor resultado entre os mais pobres, antiga base de Haddad. Sim, o líder é Russomanno (até 37%); ela fica em segundo entre os que recebem até dois mínimos: 19%.
Até outro dia, havia quem apostasse que Russomanno pudesse não disputar. Salvo alguma bomba contra seu nome, parece difícil que desista. De todo modo, vai enfrentar máquinas poderosas. O PT tem tempo e recursos para fazer campanha. PMDB e PSDB também. Dinheiro não faltará ao PRB, o partido da Igreja Universal, mas pode faltar tempo.
Fragmentados como estão os votos, não é impossível, como eu disse, Haddad chegar a um segundo turno. Se Russomanno estiver em primeiro, os ricos do PT vão tentar, mais uma vez, convocar a luta do bem contra o mal. Com tempo e recursos, disputando pelo PMDB, e uma forte presença na periferia, Marta, no entanto, pode tirar de Haddad o segundo lugar.
O prefeito tem um desafio pela frente: convencer os pobres de que ele não governa para os ricos.
Vai ser difícil.
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