E lá vem Obama com a sua retórica de paraninfo de formatura

Ai, ai… Barack Obama, o presidente dos EUA, continua muito bom para fazer discurso. Ele mandou brasa neste domingo na reunião de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Afirmou: “A ferramenta mais poderosa que temos é dizer que não temos medo”, disse.

É… Para quem aprendeu a posar com aquele queixo de estátua, é uma fala e tanto. Mas isso significa exatamente o quê?

A divergência com Vladimir Putin, presidente da Rússia, voltou a ficar clara. Obama defendeu de novo a queda do ditador de parte da Síria, Bashar Al Assad, protegido da Rússia: “Não vai adiantar mantê-lo no poder. Nós não podemos parar de lutar”.

Bem, meus caros, nesse caso, então, pobre do mundo! O Estado Islâmico deve rir de orelha a orelha. Por que digo isso? Estados Unidos e aliados ocidentais financiam milícias que tentam derrubar Assad, mas que não são ligadas ao Estado Islâmico. Ocorre que o Estado Islâmico, SE DER, também quer a cabeça do tirano, mas suas preocupações não estão voltadas exatamente para quem manda na Síria.

O seu palco de atuação hoje é multo mais vasto — pode-se dizer que é o mundo. E haver uma parte do território da Síria e do Iraque sem governo é importante para garantira sua base de operações. Então temos Obama achando que pode derrotar o Estado Islâmico, mas também derrubar Assad, que, uma vez enfraquecido, contribui para fortalecer o… Estado Islâmico.

Obama resolveu voltar o dedo para Putin, que o governo dos EUA acusa de atacar não exatamente o Estado Islâmico, mas os outros adversários de Assad — que contam com o apoio dos… EUA. “Ele (Putin) precisa ir atrás das pessoas que mataram cidadãos russos.” O presidente americano se refere à queda do avião russo, derrubado pelos terroristas.

Em seu discurso, afirmou ainda sobre os terroristas: “Nossa coalizão não vai ceder. Nós não vamos aceitar a ideia de que ataques terroristas em restaurantes, teatros e hotéis seja o novo normal, ou que nós não temos poder para pará-los. Vamos destruí-los. Vamos tomar de volta terras onde eles estão atualmente, retirar seu financiamento, caçar as lideranças, desmantelar suas redes e linhas de abastecimento”.

É mesmo? E como o presidente americano pretende fazer isso? Só com ataques aéreos, é evidente que não será.

O mundo precisa de um pouco mais do que essa retórica de paraninfo de formatura. Mas com algumas bombas.

from Reinaldo Azevedo http://ift.tt/1I6TAIB
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