Aqui e ali, leio algumas críticas à decisão de Donald Trump, que também não acho sábia, mas feitas por maus motivos. Ou por hipocrisia.
E qual é a crítica errada? “Ah, um ato de guerra precisa ter autorização do Congresso. É este que autoriza os EUA a partir para o pau”. É verdade! A manos que, bem…, se apele ao jeito Barack Obama de fazer as coisas. E, ora vejam, Donald Trump está seguindo os passos do antecessor.
Obama, o pior presidente que os EUA já tiveram na área de relações internacionais, é um dos grandes responsáveis por essa fragmentação do terror em grupos-célula e homens-célula. Foi ele, reitero, quem chutou o traseiro dos aliados em nome de supostos e altos valores humanistas.
O texto abaixo, meus caros, foi escrito há seis anos neste blog. No dia h26 de março de 2011.
Eu criticava justamente o truque dado por Obama para atacar a Líbia, sem precisar de autorização do Congresso. E antevi que o país, com a queda da Kadafi, fiaria pior do que antes.
E está bem pior do que a minha expectativa do pior.
Leiam. Trump não inova. Apenas repete Obama.
*
O presidente dos EUA. Barack Obama, discursou há pouco para explicar o envolvimento dos Estados Unidos na Líbia. Não tinha, obviamente, novidades a oferecer. Começou com uma imagem forte, que, levada a sério, creio, tem de passar pela democratização da Arábia Saudita… Lembrou que a Líbia fica entre a Tunísia e o Egito, países que se mobilizaram em favor da liberdade. Assim, disse os líbios se levantaram em defesa “de seus direitos essenciais. Caracterizou Kadafi como um tirano, lo que é fato, lembrando que ele havia declarado que “não teria misericórdia com os adversários”. E emendou: “Nós sabíamos que, se nós esperássemos mais um dia, Bengahzi poderia sofrer um massacre que teria grande impacto na região e mancharia a consciência do mundo”.
Como se estivesse cumprindo uma promessa, destacou: “Eu disse que o papel da América seria limitado, que não enviaremos tropas terrestres para a Líbia, e nós estamos transferindo o comando para nossos aliados e parceiros”. Obama insistiu que o objetivo da ação sempre foi proteger civis, para “evitar um massacre”.
Obama respondia, na verdade, à acusação de que entrou numa guerra sem a autorização do Congresso, o que é uma questão de fato, não de gosto. E onde ele foi buscar a saída para seu ato ilegal? No humanismo! “Deixar de lado a responsabilidade da América como líder e, mais profundamente, nossas responsabilidades com outros seres humanos, nessas circunstâncias, seria trair quem nós somos (…). Algumas nações podem fechar os olhos diante das atrocidades em outros países. Os Estados Unidos da América são diferentes”.
Ok, tudo muito certo, tudo muito bem! Dissesse isso ao Congresso. E ele não disse. Mas Obama tem seu lado Apedeuta, não é? Pelo menos na moral. Recusou também a consideração daqueles que acham que os Estados Unidos devem sair por aí intervindo em tudo quanto é lugar, embora, ressalvou, esse cuidado não deva ser usado como desculpa para nunca agir. E sabem o que fez o Lula deles? Criticou a guerra do Iraque, ora essa: “Somos gratos aos extraordinários sacrifícios de nossas tropas e à determinação de nossos diplomatas. Estamos otimistas com o futuro do Iraque. Mas a mudança do regime [da ditadura para a democracia] custou oito anos, milhares de vidas de americanos e iraquianos e perto de um trilhão de dólares. Não é um custo com o qual estamos dispostos a arcar na Líbia”.
Não? Estão como será depois É o que se vai ver.
Insistindo na tese surrealista em curso — e duvido que boa parte dos congressistas se dê por satisfeita —, o presidente sustentou que o objetivo da missão não é depor Kadafi, mas lhe tirar as condições de continuar a massacrar o seu povo etc e tal. Pois é… Mas e se o tirano resistir? Obama não tem resposta para isso, claro — ou tem: como é uma guerra, eles vão atuar até o homem cair. Mas isso não pode ser dito com essa clareza.
Segundo Obama, os EUA “não ditam os destinos” da Líbia, mas “podem fazer a diferença em favor dos valores universais da democracia, como a liberdade e o direito que as pessoas têm de escolher seus líderes. E deu boas-vindas às mudanças da história, referindo-se, entende-se, aos movimentos de democratização nos países árabes.
E sobre ter entrado em guerra sem a autorização do Congresso? O Apedeuta ilustrado deixou claro que guerra era aquela que Bush fez no Iraque — um desastre, ele deixou claro — e que contou com o apoio do Capitólio; isso ele não disse, mas ficou subentendido. Obama estaria numa missão humanitária. Só faltou perguntar a deputados e senadores: “Por que vocês haveriam de se meter?”
De fato, nunca houve um presidente como Obama!
Notem bem: do ponto de vista de quem administra a Líbia, se um grupo de sanguinários suceder Kadafi, uma coisa será trocada pela outra. Se vier a democracia, será um ganho para os líbios. Eu, pessoalmente, não tenho dúvida de que, no médio prazo, o pé no traseiro do Congresso, dado por Obama, custará caro ao Ocidente. Eu não ligo de ser minoria também nesse caso. Eu nunca ligo!
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