Afirmei aqui outro dia que, enquanto o país caminhava para o abismo, os gênios do Planalto, a começar da presidente da República, comemoravam a vitória de alguém como Leonardo Picciani (RJ) para líder do PMDB na Câmara. Vale dizer: o império desabando, e a nossa imperatriz cuidando de suas galinhas.
Pronto! Dilma realizou o prodígio. Ela chegou ao governo quando o país estava na categoria “grau de investimento” nas três mais importantes agências de classificação de risco. Até esta quarta, só nos sobrava tal carimbo em uma: a Moody’s. Agora não resta mais nada.
Também ela rebaixou o país e o passou para o grau especulativo. E o fez com requintes de dureza: o país desceu dois degraus de uma vez — de Baa3 para Ba2 — e ainda foi posto em perspectiva negativa. Vale dizer: pode sofrer em breve novo rebaixamento.
A agência explica os motivos. As contas do país pioraram — ou seja: a situação fiscal —, a economia amarga uma recessão brutal, sem perspectivas à vista, e a crise política se adensa, sem reação aparente do governo. O endividamento caminha para 80% do PIB em três anos. E anota a agência: “O fraco apoio político à presidente e à sua administração oferece pouca perspectiva de reformas de maior alcance durante o horizonte de rating”.
Ponto! Agora a Moody’s se juntou à Fitch e à Standard & Poor’s. O país não tem mais para onde correr. É evidente que isso vai nos custar muito caro. Importantes fundos de investimento estão proibidos de atuar em países que estejam no grau especulativo. Outros ainda são obrigados a diminuir suas posições. Haverá fuga de investimentos. A agência prevê que o desempenho médio da economia entre 2016 e 2018 será uma recessão 0,5%. Um desastre.
Notem! Dilma Rousseff tem de deixar a Presidência da República, quando menos, porque cometeu crime de responsabilidade na área fiscal. Aos poucos, o submundo do petismo na campanha eleitoral começa a vir à tona, e o que se percebe é algo que, já disse aqui, tem mais a cara de máfia e organização criminosa do que de partido político.
A crise econômica é feroz. Os indicadores são os piores possíveis. O mundo se dá conta disso. Mas a dinâmica que alimenta a crise econômica, é evidente, é a crise política. Não sairemos desse atoleiro enquanto essa gente continuar por aí.
Afirmei ontem no programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan, que a eventual queda de Dilma não nos trará a solução, assim, num estalar de dedos. Por si, sua saída não é condição suficiente para mudar o rumo do país. Mas ela se transformou numa condição necessária — “sine qua non”, como se diz em latim —, sem a qual todo o resto se mostra inútil, todo o resto se prova ineficaz, todo o resto se torna até contraproducente.
E eu lhes dou um exemplo de um esforço que poderia até fazer sentido, mas que gera efeito contrário. Digamos, como hipótese de trabalho, que o Brasil não consiga sair da barafunda fiscal em que se meteu sem algo parecido com a CPMF. Essa gente foi tão fundo na desordem que talvez uma medida emergencial como essa faça sentido.
Pergunto: Dilma reúne a legitimidade e a capacidade de articulação política para convencer o Congresso? A resposta é evidente. Ora, esse é um governo que não consegue reconhecer os próprios erros; que tem no comando um partido político que, dada uma das maiores crises econômicas da história, vai à TV para acusar seus adversários de golpistas.
Pior de tudo: no front, digamos, policial, o mandato de Dilma passou a ser claramente ameaçado pelos mecanismos escolhidos pelo partido para financiar campanhas. Os indícios de que se cometeu uma cadeia inédita de crimes gritam de modo inequívoco.
Dilma já nos levou para o fundo do poço e, como já se disse muitas vezes, é muito provável que ali ainda exista um alçapão. Esta senhora faria um grande bem ao país se reconhecesse, até por senso de ridículo, que seu tempo acabou.
O Brasil já foi generoso demais com ela. Chegou a hora de ela retribuir o carinho e renunciar. Ou será posta para correr do Palácio pela Constituição e pelas leis. Enquanto isso não ocorre, no entanto, os brasileiros pagarão o pato. Quanto mais tempo durar o seu mandato, mais o futuro estará comprometido.
Chega, Dilma! The game is over!
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