Caros, eu perdi a conta do número de vezes em que escrevi neste blog que o real poder do PT está nos fundos de pensão. E assim já era antes ainda de o partido chegar ao poder. Reportagem do Globo deste domingo informa a situação calamitosa a que os “companheiros” conduziram os fundos das estatais.
Em agosto do ano passado, na última medição oficial, o rombo na Petros (da Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios) chegava a R$ 29,6 bilhões. O balanço fechado do ano passado, a ser divulgado em abril, deve elevar esse número para espetaculares R$ 44,4 bilhões, sete vezes maior do que as perdas admitidas com as safadezas na Petrobras.
Peço licença para produzir trecho de um texto que publiquei aqui no dia 3 de fevereiro de 2009, há sete anos portanto. Prestem atenção:
“O PT TEM DOIS PODERES: O TEMPORÁRIO E O PERMANENTE. O PRIMEIRO DEPENDE DAS URNAS; O SEGUNDO É GARANTIDO PELO CIPOAL LEGAL QUE REGULA OS FUNDOS DE PENSÃO, QUE CONFERE AOS SINDICATOS O CONTROLE DE UM PATRIMÔNIO DE QUASE R$ 300 BILHÕES. E O PT COMANDA BOA PARTE DOS SINDICATOS, ESPECIALMENTE OS DE EMPRESAS ESTATAIS, O QUE LHE FACULTA O COMANDO DOS FUNDOS DE PENSÃO INDEPENDENTEMENTE DO QUE DIGAM AS URNAS.
POUCO IMPORTA QUEM SEJA O PRÓXIMO PRESIDENTE, JOSÉ SERRA OU DILMA ROUSSEFF, A, SEM TROCADILHO, REAL GRANDEZA DO PT SE MANTÉM PRATICAMENTE INALTERADA.
Se vocês procurarem no arquivo do blog, encontrarão centenas de textos em que sustento que o poder real do PT não está no controle das verbas do Orçamento. Sem dúvida, ali se encontra uma fonte imensa de recursos, mas o partido é obrigado a dividi-los com parceiros de igual ou maior apetite, a começar do PMDB – que é o que é, ou não estaria junto com o petismo. O dinheiro do Orçamento disponível para investimento, além de mais escasso, está sujeito a controles e a uma maior vigilância da imprensa. Já os fundos… Na prática, ninguém controla. Como boa parte da sua capitalização é feita com recursos públicos, eles representam uma apropriação do dinheiro público pela máquina sindical.
A própria história da privatização, vista pelo ângulo da participação dos fundos de pensão, nos revelaria que a economia brasileira é bem menos privada do que parece. Não! Escrevo de outro modo: os grandes beneficiários da privatização foram os sindicatos das empresas estatais – e isso quer dizer Central Única dos Trabalhadores.
Uma das maiores lambanças do governo Lula – a disputa entre o banqueiro Daniel Dantas e o petismo pelo controle da Brasil Telecom, finalmente vendida à Oi ao arrepio da lei então vigente, mudada só para possibilitar o negócio – teve os fundos como protagonistas. Os petistas mandaram, e eles romperam com Dantas, aliando-se a seus adversários. Alijado do controle da BrT, o banqueiro acabou concordando com a venda (…)
Retomo
Sabem quem vai pagar pelo rombo? Sim, em parte, os associados aos próprios fundos. Mas também vai entrar dinheiro das respectivas estatais. Vale dizer: nós todos arcaremos com as consequências dos investimentos feitos pelos “companheiros”.
Reproduzo um trecho da reportagem do Globo:
“A maioria dos responsáveis pelos déficits das fundações públicas tem em comum a origem no ativismo sindical. Nos últimos 12 anos, os principais gestores dos fundos de Petrobras, Banco do Brasil, Caixa e Correios saíram das fileiras do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
É uma característica dos governos Lula e Dilma, e as razões têm mais a ver com perspectivas de poder e negócios do que com ideologias.
Os sindicalistas-gestores agem como força-tarefa alinhada ao governo. Compõem uma casta emergente na burocracia do PT. Agregam interesses pela capacidade de influir no acesso de grandes empresas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), fonte principal de recursos subsidiados do BNDES. Onde não têm hegemonia, por efeito do loteamento administrativo, convivem em tensão permanente com indicados pelo PMDB e outros partidos, caso do Postalis.”
Os associados dos fundos de pensão receberão uma aposentadoria menor do que esperavam em razão da gestão desastrosa desses entes, levada a efeito pelos petistas. Quinhentas mil pessoas serão diretamente prejudicadas. Mas, como é sabido, o dinheiro também sairá dos cofres públicos, uma vez que o Tesouro acabará socorrendo as estatais.
Só na Sete Brasil, a empresa que deveria construir navios-sonda e só produziu escândalos, Petros e Funcef já perderam R$ 828 milhões, e Previ, R$ 161 milhões.
Quem acompanha de perto o caso dos fundos de pensão não tem dúvida: no dia em que se fizer a devida radiografia do estrago neles produzido pelo petismo, as lambanças do petrolão vão parecer coisa de bandido pé-de-chinelo.
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