Chega de palhaçada e de tergiversação. A ordem legal pede, cobra, exige que Luiz Inácio Lula da Silva, um cidadão como qualquer outro, seja oficialmente um investigado da Operação Lava Jato. Se querem saber, de verdade mesmo, ele ainda não o é.
Numa espécie de relatório, a Polícia Federal aventa a possibilidade de que a Odebrecht tenha repassado R$ 12,4 milhões para o Instituto Lula. Lá se diz: “O possível envolvimento do ex-presidente da República em práticas criminosas deve ser tratado com parcimônia, o que não significa que as autoridades policiais devam deixar de exercer seu mister constitucional”.
Sei o que quer dizer “mister constitucional”, mas não tenho ideia do que queira dizer exatamente “tratar com parcimônia” o “possível envolvimento de Lula”. A palavra parcimônia vem de “parco”, de “escasso”. Quer dizer “econômico”. Associa-se, por isso, por metáfora, à ideia de “discreto”, de pouco espetaculoso.
Bem, de saída, vamos combinar: até agora, então, com os demais envolvidos ou supostos envolvidos, a Lava Jato poderia ser acusada de tudo, menos de discreta, de parcimoniosa. Por que haveria de sê-lo com Lula? Já aí parece haver uma desigualdade viciosa, não é mesmo?
Se há o que investigar, que se investigue então. Mas que se abra um inquérito, ora bolas! Que se abra outro para apurar a atuação do ex-presidente, então no cargo máximo, no empréstimo do grupo Schahin ao PT. Três delações premiadas põem o petista no centro do imbróglio. José Carlos Bumlai, o amigão do chefão, admite ter sido laranja na operação.
Da mesma sorte, saibam, Lula não é oficialmente investigado nas lambanças envolvendo o apartamento de Guarujá e o sítio Santa Bárbara, em Atibaia. Ora bolas! Até o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB passou por uma investigação, não é mesmo?, que foi arquivada pelo Supremo, com a anuência da Procuradoria-Geral da República. Por que não Lula?
O ex-presidente, não obstante, até agora, vai se esgueirando, vai escapando, vai escorregando, como se não houvesse no Brasil um sistema legal independente o bastante para investigá-lo. Há ou não há? E a autoridade não tem nem de ter nem de não ter parcimônia. Isso simplesmente não se coloca. É preciso, em qualquer caso, que se cumpra a lei. E ponto final.
Quem assegura a Lula essa inimputabilidade branca e com que propósito? Uma coisa é o chefão petista sair por aí, a bater no peito, jurando ser o homem mais honesto do mundo e ameaçando, de forma subliminar, o processo político com a cólera das massas. Outra, muito diferente, é a ordem legal se deixar intimidar por isso.
Lula tem de ser objeto não de um, mas de vários inquéritos. Até porque os petistas decidiram chamar seus milicianos para protegê-lo justamente porque sabem que só um ente pode persegui-lo. E não é a oposição. Lula deve satisfações é à ordem legal, à ordem institucional e à ordem democrática.
from Reinaldo Azevedo http://ift.tt/1VBgF8b
via IFTTT
Nenhum comentário:
Postar um comentário