Leio na Folha que haverá, no dia 26, um debate do auditório da Universidade Mackenzie sobre a credibilidade das informações que circulam na Internet e a propagação do discurso do ódio. Huuummm…
É um encontro típico das esquerdas. Trata-se da discordância entre pessoas do mesmo lado. E todos estarão lá para, claro!, acusar a direita de propagar o ódio, enquanto eles próprios só veiculam amor.
Vão falar bem de si mesmos e mal de seus adversários o humorista Gregório Duvivier — que não para de odiar nem quando tenta ser engraçado —; Leonardo Sakamoto, notório hater da Internet, e Juliana de Faria, do site feminista Think Olga. Dei uma lida. Frequentemente colérico.
Mas todos amam demais, tá?
A mediação, por alguma estranha razão, é de Guilherme Alpendre, secretário-executivo da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). Ele promete investigar como é que se sustenta um debate entre pessoas que estão do mesmo lado.
Mas isso tudo é o de menos. O encontro é parte do ciclo de palestras “Jornalismo nos Tempos DO Cólera”, promovido por um grupo de professores de jornalismo de seis universidades (ECA-USP, Casper Líbero, PUC, Mackenzie, Anhembi Morumbi e ESPM) e pela Abraji. Parece que, na associação, também se investigam sentimentos.
Sei! O Brasil passa por algum surto de cólera sem que tenhamos sido avisados nem pelos jornalistas investigativos? Além de dengue, zika e chikungunya, o vibrião colérico também saiu do controle?
Atenção! “Cólera”, no masculino, como está no título do seminário, é a doença. Os “çábios” certamente marcaram uma masturbação coletiva para debater “o jornalismo nos tempos DA cólera”, já que estão destinados a atacar a ira dos adversários, nunca a deles próprios. Poderão usar este post como exemplo. Ainda que, no caso, cometessem um erro nos dois gêneros.
Ah, eu sei que estão tentando fazer uma alusão àquele livro chatinho de Gabriel García Márquez, “Amor nos Tempos do Cólera” — “del cólera”, não “de la cólera”. Ainda que o título busque a ambiguidade, o autor está se referindo à doença, não à ira.
“Ah, Reinaldo, é uma ironia…” É? Com o quê?
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