A quem Rui Falcão, presidente do PT, acha que engana com a sua pantomima — ele e outros petistas que não ousam dizem o nome daquilo que praticam? A tática é asquerosa.
Falcão, que já convocou a Executiva do partido para redigir documentos oficiais sobre coisas infinitamente menos importantes, recorreu ao Twitter nesta terça para orientar — ora vejam! — os três membros do partido a votar contra Eduardo Cunha no Conselho de Ética.
É mero jogo de cena. É conversa mole. É piada. Análoga a um abaixo-assinado de 31 deputados que se dizem favoráveis à continuidade do processo.
A impostura de Falcão e dos parlamentares se traduz num texto em que se leem indignidades como esta:
“Com efeito, o Deputado Eduardo Cunha tem revelado, diuturnamente, a falta de qualquer pudor em utilizar sua posição de direção da Câmara Federal em proveito próprio, inclusive promovendo e patrocinando o cancelamento de sessão do Conselho de Ética, atacando Instituições e praticando toda sorte de chantagens.
A oposição, por sua vez, até poucos dias atrás legitimou todas as ações do Deputado Eduardo Cunha, beneficiando-se desta relação de conveniência. Agora, ao passar a defender o afastamento de Eduardo Cunha, o faz obstruindo toda e qualquer votação de interesse do País.
Devemos pois, nos manifestar firmemente contra qualquer tentativa do Deputado Eduardo Cunha em se utilizar do cargo para beneficiar sua defesa, em detrimento dos interesses da Sociedade Brasileira.”
É um lixo moral. Trata-se apenas de uma forma de fazer o jogo de Eduardo Cunha, evitar que ele aceite a denúncia contra Dilma e, ainda assim, tentar ficar de bem com a esmagadora maioria dos brasileiros, que quer a cassação de Cunha — e de Dilma também. Note-se. Pior: no auge da indignidade, ainda ousa atacar a oposição
É tudo conversa mole por uma razão simples: o governo e o partido já bateram o martelo. Se não aparecer nenhuma saída até terça que vem — a sessão foi interrompida com um placar de 6 a 1 contra Cunha —, os três petistas do Conselho devem se opor à abertura do processo. Com o apoio dos companheiros, Cunha espera contar com 12 ou 13 dos 21 votos do conselho.
Assim, não caiam na conversa mole de Rui Falcão. Não há divergência nenhuma entre ele e Jaques Wagner (Casa Civil) ou Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo). E os dois ministros deixaram claro aos três deputados do partido no Conselho de Ética: é para votar em favor de Cunha.
O presidente da Câmara deixou claro também: ele não quer apenas um ou dois votos do PT. Ele quer os três. E o partido decidiu se ajoelhar. Mas com galhardia, como tentam fazer crer Rui Falcão, com a sua mensagem ridícula, e os deputados, com o seu manifesto hipócrita.
Um dos três “companheiros” do Conselho de Ética, Zé Geraldo, deixou claro como se faz o serviço sujo com retórica patriótica: “Eu defendo que devemos votar pelo país, não pelo Cunha. Não acreditamos no Cunha, mas o que pode acontecer no país amanhã pode ser o pior dos mundos”.
Em síntese: ele vai votar contra a moralidade e ainda diz que é para o nosso bem!
Entendo. Ele é um petista. E nada é mais petista do que essa fala.
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