Pois é… E o Ministério Público Federal continua fazendo a coisa certa e deixando de fazer a coisa certa. Pareceu enigmático? Ah, é fácil de explicar. Isso quer dizer que o MPF ofereceu denúncia contra um monte de gente que deveria ser denunciada, mas que continua a não pedir nem mesmo a abertura de um inquérito contra Luiz Inácio Lula da Silva. Vamos ver.
O MPF denunciou, nesta segunda, o pecuarista José Carlos Bumlai, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e outras nove pessoas sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
Eles são acusados de participar de um esquema de propinas na contratação da Schahin Engenharia, em 2009, como operadora do navio-sonda Vitoria 10.000.
Em delação premiada, Salim Schahin confessou que o braço financeiro do grupo emprestou R$ 12 milhões ao PT em 2004, por intermédio de Bumlai. Ou por outra: para todos os efeitos, o dinheiro foi transferido ao empresário, mas era destinado mesmo ao partido.
Em 2009, essa dívida já estava em R$ 53,5 milhões. Foi paga? Segundo Salim, nunca! Ficou por isso mesmo? Claro que não! Em 2009, Lula e Bumlai fizeram lobby, e o grupo Schahin foi contratado para operar o navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras. Valor do contrato: US$ 1,6 bilhão. E Schahin deu por perdoada a dívida do PT. Quem pagou o papagaio do partido? Ora, na prática, a Petrobras.
Outros
Além de Bumlai e Vaccari, foram enunciados o filho do pecuarista, Mauricio de Barros Bumlai, e a mulher deste, Crisitiane Barbosa Dodero Bumlai. Também estão na lista Nestor Cerveró, Jorge Zelada, ambos ex-diretores da área Internacional da Petrobras, o ex-gerente da estatal Eduardo Musa, e os executivos do Banco Schahin: Salim Schahin, Milton Schahin e Fernando Schahin. Fernando Baiano integra o grupo.
No caso de Bumlai, esta é a primeira acusação formal contra ele. O amigão do Lula, preso preventivamente há quase três semanas em Curitiba, tem negado irregularidades. Aos investigadores, afirmou que os empréstimos contraídos por ele e por suas empresas foram regulares e que a operação com o Banco Schahin foi quitada por meio da venda de embriões — a PF diz que a venda nunca existiu.
Repararam? Não é estranho? Ora, a irregularidade, exceção feita à eventual falta de licitação, mas não é disso que se cuida na ação, não está no contrato para administrar o navio-sonda, mas no fato de que esse contrato serviu para quitar um empréstimo e de que se fez a concessão por interferência direta de Lula e de Bumlai.
O empresário e outros da operação estão denunciados. Lula não está sendo nem sequer investigado nesse caso.
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