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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Dilma e Cunha deixar de trocar tapas e passam aos beijos quando se encontram na baia das almas

“Se ele tivesse um pouco mais de visão de Brasil renunciaria ao cargo, mas, não tendo, vai ter que ser renunciado”. A frase é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao comentar a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, durante um seminário da Fundação Teotônio Vilela, ocorrido nesta segunda. Como se nota, FHC faz alusão a um movimento de deputados, de vários partidos, para que Cunha deixe a presidência da Casa.

Parlamentares do PSDB, PPS, DEM, Rede, PSOL e PCdoB planejam esvaziar a Câmara para impedir votações. Cunha comentou esse esforço de obstrução nesta segunda. “Eu fui eleito e o momento da minha eleição acabou. Naquele momento, eu tive maioria absoluta sem o PT, sem o PSOL e o PSDB. Se eles estão questionando, podem questionar à vontade. Mas a legitimidade da eleição ninguém pode tirar. Vou continuar exercendo igualzinho o que eu estava exercendo até agora”.

A resposta entra naquelas categoria das coisas que nem erradas estão. Ninguém está questionando a legitimidade da sua eleição, como ninguém questionou até hoje a de Dilma Rousseff. Ambos chegaram aos respectivos cargos legal e legitimamente. A questão é saber se continuam como as condições de garantir o exercício da legalidade e da legitimidade. E a resposta é obviamente negativa.

O presidente da Câmara passou, evidentemente, de todos os limites. As iniciativas a que recorre para impedir o avanço do processo não passam de chicanas de quinta categoria. O próximo passo será apelar à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara apontando erros formais na condução do processo no Conselho de Ética.

Até aliados seus admitem que não há como a coisa não avançar e chegar ao plenário. Ele vai tentar retardar ao máximo. Sim, ele sabe muito bem que vai ser cassado — ou será pela Câmara, o que muito provável, ou será, na prática, pelo STF, onde não há chance de não ser condenado.

Então pra que tudo isso?

Aliás, a fala de Cunha sobre a sua “legitimidade” explica por que é evidente que ele vai recusar a denúncia contra a presidente Dilma Rousseff oferecida pela oposição.

Que coisa, né? Quando Cunha era apenas o operoso presidente da Câmara, e Dilma não sentia seu próprio mandato ameaçado, os dois trocavam tapas. Só passaram a trocar beijos quando ele foi para a bacia das almas, onde com ela se encontrou.

Assim, presidente da República e presidente da Câmara se asseguram e se seguram no cargo mutuamente, afrontando a legitimidade, a legalidade e a moralidade.

Que momento lindo!

Isso tudo num país cuja economia vai afundar mais de 3% neste ano e mais de 2% no ano que vem.



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