A maior besteira que Rodrigo Janot fez até agora — SEM EXPLICAR POR QUÊ — foi ter mandado para a lata de lixo, na forma de papel picado, a delação do empreiteiro Léo Pinheiro. A coisa vai render ainda muita dor de cabeça. E o episódio está agora no centro de um imbróglio. A quantidade de bobagens que vigaristas dos mais diferentes matizes dizem a respeito é monumental. Então vamos lá.
A força-tarefa da Operação Lava Jato divulgou uma nota nesta segunda em que nega que tenha usado na denúncia contra Lula informações de um pré-acordo de delação premiada do empreiteiro Léo Pinheiro, que acabou rejeitada pela Procuradoria-Geral da República. Se isso aconteceu, o uso dessas informações é ilegal. A reportagem foi publicada pela Folha no domingo.
Na nota, os procuradores classificam a conclusão da reportagem de “falsa”. Afirmam: “É importante deixar claro que o Ministério Público Federal jamais usa qualquer informação ou documento de tratativas de colaboração que não conduziram a um acordo assinado”.
Qual é o ponto? Na denúncia, a força-tarefa sustenta que o tríplex de Guarujá e os recursos para o armazenamento do acervo que Lula acumulou nos oito anos de Presidência saíram de uma espécie de conta corrente da propina, de um “caixa-geral”, para ficar na linguagem da denúncia. Ocorre que essa informação não está em nenhum outro lugar a não ser no tal pré-acordo, que foi para o triturador de papel. Como os próprios procuradores dão a entender, o uso de uma informação descartada seria ilícito.
A força-tarefa não esclarece, na nota, de onde saiu a informação. Lá se lê o seguinte:
“A existência do sistema de caixa geral de propinas já é conhecida pelas investigações há muito tempo, pois se trata do principal método utilizado para o controle do pagamento de propinas pelos partidos envolvidos com a corrupção na Petrobras. O uso do sistema é revelado, por exemplo, pelos depoimentos de Ricardo Pessoa em relação aos pagamentos efetuados pela empreiteira UTC em benefício de José Dirceu, pelas declarações de Delcídio do Amaral e pelos já conhecidos depoimentos de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, estes últimos em relação ao Partido Progressista. Tais depoimentos são corroborados ainda pelo modo como a corrupção funcionou em casos que já foram objeto de acusação e condenação.”
Depois de citar outros exemplos, os procuradores afirmam, à guisa de conclusão: “Portanto, tal metodologia de caixa geral era amplamente conhecida pelos investigadores, pois já foi amplamente comprovada pelos depoimentos e pela sistemática dos pagamentos. Some-se o próprio fato de que todos os tesoureiros do Partido dos Trabalhadores desde 2005 estão presos pelo seu envolvimento em tarefas desse tipo. A sistemática do caixa geral foi, até mesmo, reconhecida na sentença condenatória de José Dirceu.”
Ou por outra: sem a delação de Léo Pinheiro, que foi descartada sem que os brasileiros saibam por quê, fica claro que a força-tarefa não tem como provar que a OAS pagou propina a Lula, restando a justificativa de que assim era porque assim se fazia.
Batata quente
Quem está com a batata quente é o juiz Sérgio Moro, que vai decidir se aceita ou não a denúncia oferecida pelo Ministério Público. Cumpre lembrar que o Lula como eventual chefe da organização criminosa é matéria de outra investigação, que não está a cargo de Curitiba. A defesa de Lula sustenta que a denúncia do Ministério Público não está ancorada em provas. A julgar pela nota divulgada pelos procuradores, não está mesmo. A nota, na verdade, diz o seguinte: como é assim em outros casos, então deve ser neste também.
Pergunta: quem mandou Janot jogar fora a delação de Léo Pinheiro?
Qualquer um que saiba ler percebeu que a nota dos procuradores tentou desmentir a reportagem da Folha e acabou por endossá-la.
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