Ai, ai, ai…
Daqui a pouco Lula verá aceita contra ele uma terceira denúncia: “dumping e concorrência desleal”. Desta vez, os humoristas é que vão denunciá-lo. Na minha coluna de sexta, na Folha, tratei justamente de seu fim melancólico. Que coisa! Que obsessão! Obsessão que o faz ter pouco respeito até por sua biografia.
Neste domingo, o chefão petista decidiu comparecer a um evento na Zona Leste de São Paulo, em apoio à candidatura de Fernando Haddad, do PT, à Prefeitura da cidade. E mandou ver na concorrência desleal com os especialistas em stand up. O ex-presidente incitou aqueles que gritam “Fora Temer” a votar no candidato petista. Atenção! Aquele que presidiu a República duas vezes e que já foi, com efeito, um dos governantes do mundo pobre com maior projeção internacional atraiu não mais do que umas… 400 pessoas. Um vexame.
Notem: obviamente, os que compareceram ao evento já votam em Haddad — daí a presença inexpressiva — e certamente são sensíveis ao grito golpista “fora Temer”. Mas o ponto nem é esse. O pensador fez a seguinte afirmação, informa a Folha: “O povo de São Paulo não está diferente do resto do Brasil inteiro, gritando ‘fora, Temer’. O que eu acho estranho é que […] o povo que grita ‘fora, Temer’ está nas pesquisas votando em três candidatos que apoiam o Temer. Ora, se o povo não quer um, como está aceitando três?”. Ele fazia referência aos três nomes que lideram as pesquisas e que pertencem a partidos da base de apoio ao governo federal: João Doria (PSDB), Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB).
É um raciocínio mentiroso — afinal, uma extrema minoria grita “fora Temer” — e também asnal, especialmente vindo de quem vem. O homem que falava é nada menos do que a figura mais rejeitada pelos paulistanos quando o tema é eleição: dizem não votar num candidato apoiado por Lula, segundo o Datafolha, nada menos do que 73% dos entrevistados. Vale dizer: aquele que foi chamado para reforçar a candidatura de Haddad tem um potencial enorme para lhe tirar votos, uma vez que é mais rejeitado do que o próprio prefeito.
Com a grosseria habitual — e pensar que isto, antigamente, funcionava… —, afirmou Lula sobre o tucano João Doria: “Por causa da publicidade contra o PT, vão colocar uma raposa no galinheiro. Tucano, que é menor do que raposa, já come filhote de passarinho. Imagine uma raposa. Então, dia 2, vamos eleger Haddad e Chalita para prefeito e vice em São Paulo”.
Imaginem vocês: o político mais rejeitado pelos paulistanos, réu duas vezes (por enquanto) — por obstrução da Justiça, corrupção passiva e lavagem de dinheiro —, comandante maior do partido que, está claro, comportou-se como organização criminosa, acha que pode sair por aí acusando os outros de ser… raposa.
Eis um caso em que se deve apelar ao velho chavão: “Olha o teu rabo!”.
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