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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

ANÁLISE DO DEBATE EM SP 1 – Adversários ajudam Dória a estrear com brilho na Globo

 

O tucano João Dória fez o debate mais mamão-com-açúcar da história dos debates na televisão, quero crer. E a Globo não teve nada com isso. Quem conspirou a seu favor foram seus adversários. Nunca vi nada igual. Explico tudo. Se desempenho em encontros assim define eleição, então o candidato do PSDB pode vencer a disputa pela Prefeitura de São Paulo já no primeiro turno. Aliás, o tracking de sua campanha apontava isso no fim da noite desta quinta. Verdade, mentira ou só expressão do desejo? As urnas dirão.

Bem, revejam o debate. Fiz postagens pergunta a pergunta. Ele foi o melhor porque, seguido de perto por Marta Suplicy (PMDB), deu respostas mais consistentes, sem se descuidar das críticas à Prefeitura. E fez propostas objetivas, o que, suponho, era o que esperavam os telespectadores-eleitores. As regras estavam estabelecidas havia muito tempo. No primeiro bloco, cada candidato podia perguntar e responder uma única vez. No segundo, terceiro e quarto blocos, os debatedores faziam uma pergunta, mas podiam responder até duas vezes. Além de pergunta e resposta, havia também réplica e tréplica. Ao todo, pois, 96 intervenções; com as falas finais, 102.

Bem, Dória chegou ao debate final com o lugar garantido no segundo turno. As pesquisas, até esta quinta, apontavam uma indefinição sobre a eventual segunda vaga. Logo, o tucano não foi atacado por ninguém, exceção feita a Luíza Erundina (PSOL). Já chego lá. Ele foi espantosamente beneficiado pela estratégia de seus adversários. Querem ver?

Cada um deles fez quatro perguntas ao longo do debate — uma por bloco. Quem perguntava falava ao todo 1min30s (30 segundos para a pergunta e 1 minuto para a réplica). Mas quem respondia tinha direito a 2min10s (um minuto e meio para a resposta e 40 segundos para a tréplica). Vale dizer: quem responde fica mais tempo no ar. E aí se deu a coisa espantosa.

Em primeiro nas pesquisas, o tucano foi o mais acionado: respondeu a seis perguntas — vale dizer: foram 13 minutos no ar só para responder. Considerando os seis minutos das perguntas e os 45 segundos finais, ele falou 19min45s. Reitero: acionar o candidato com uma pergunta implica lhe dar palanque. E foi o que os adversários fizeram com Dória porque era do seu interesse. Marta, por exemplo, dirigiu ao tucano três das quatro perguntas.

Se o candidato do PSDB ficou mais tempo no ar, Haddad foi o que ficou menos. Teve direito a seus 6 minutos quando era o perguntador. Mas respondeu a apenas duas perguntas: uma de Erundina e outra de MaJor Olímpio. Total de exposição: 11 minutos, quase 9 a menos do que Dória. Erundina e Major Olímpio (SD) falaram pouco mais de 13 minutos. Marta e Russomano, pouco mais de 17 minutos.

Entenderam? Os adversários de Haddad atuaram de forma deliberada para que este tivesse a atuação a mais discreta possível. Marta, Russomanno e Dória não lhe fizeram nenhuma pergunta.  Observem que este é um texto sobre estratégia.

Haddad, que apanhava em praticamente todas as respostas dos adversários, escolheu Russomanno para tentar polarizar. Dirigiu-lhe três questões. O tom entre os dois era sempre de altercação. O petista ainda tentou um rally com Marta Suplicy, mas não teve relevância no encontro.

Com suas obsessões de esquerda, Erundina resolveu dispensar a Marta o tratamento de uma traidora nas duas vezes em que acionou a peemedebista. Também não adiantou. Em outro post, trato do conteúdo.

Este foi dedicado a uma tese: como as circunstâncias conspiraram para que João Dória fizesse o seu programa de estreia na Globo. E com sucesso evidente.



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