Ah, tá. Membros da equipe ligada à Operação Carne Fraca contestaram, em conversa com a reportagem da Folha, as críticas à investigação feitas pelo setor e pelo governo federal. Mas eles o fazem só em off, é claro!
Os investigadores afirmam que ainda há muito material sob sigilo e que a operação deve ter desdobramentos mais adiante.
Bem, não duvido nem de uma coisa nem de outra. Ainda teremos a “Operação Grelha”, a “Operação Maminha”; a “Operação Salame” e a “Operação Nabo”, que valerá como um convite ao vegetarianismo uma homenagem aos pobres brasileiros que vão perder seus respectivos empregos.
Ora, tenham a paciência! É bem possível que existam, sim, vagabundos no setor. É bem possível que haja bandidos na turma.
Segundo os policiais que não ousam dizer seu nome, o governo está se precipitando. A equipe também contestou a informação de que apenas um frigorífico teve a carne periciada na investigação. Segundo o grupo de investigadores, a realização de perícias em diversas empresas comprometeria o sigilo da operação — por isso, durante a fase de apuração, optou-se por apenas uma amostra.
A desculpa é de tal sorte esfarrapada que chega a ser bisonha.
A equipe sustenta haver provas do envolvimento de outros frigoríficos na produção e venda de carnes adulteradas e no pagamento de propinas a fiscais do Ministério da Agricultura.
Atenção!
Ninguém está a negar essa possibilidade por principio. O setor, gigantesco como é, tem 4.837 postos de processamento de carne. Houvesse problemas em 1%, meus caros, e estaríamos falando de… 48! Mas o número, tudo indica, está muito abaixo disso.
Não há justificativa para o que foi feito, eis a questão. A inspeção da carne no Brasil avançou bastante. Há um serviço de excelência — e sempre pode haver desvios, ora.
Mais: o país disputa a liderança mundial da exportação de carne. As plantas de processamento recebem permanentemente representantes dos países compradores, que vêm verificar a sanidade do produto. Isso é praxe no setor.
Em vez de criminalizar uma área que exportou R$ 14 bilhões no ano passado, a Polícia Federal deveria atuar é para punir os desvios para que tal performance se mantenha.
Mas é evidente que não foi isso o que se fez. Buscaram-se os holofotes, a ribalta, o picadeiro. Eis aí o resultado.
Reação do setor
A Sociedade Rural Brasileira fez duras críticas à operação e à PF. Em entrevista ao Estadão, o pecuarista e vice-presidente da entidade, Pedro de Camargo Neto, disse que a PF foi irresponsável no caso.
Segundo ele, o tamanho do problema é muito menor em relação ao estardalhaço que foi feito. Camargo Neto ressaltou que “existe, sim, pontualmente, algo muito real e que tem de ser penalizado, mas, com certeza, isso é menor do que foi apresentado”.
Ele lamentou, por fim, que quem vai pagar a conta pela ação equivocada da PF é o pecuarista, o elo mais fraco da cadeia.
Concluo
Pecuaristas? Não só! Também os pobres. A produção de aves em Santa Catarina é gigantesca. A agropecuária gera, senhores, seis milhões de empregos, considerando toda a cadeia produtiva. Estamos falando de um setor que atinge mais de 20 milhões de pessoas.
Que a Polícia federal reconheça depressa o tamanho do seu erro, em vez de ficar por aí a plantar versões e a instigar jornalistas.
Como reconhece o próprio vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, é evidente que existem problemas no setor. Como há em todos. Mas o fato é que, na esmagadora maioria dos casos, a carne brasileira é de alta qualidade.
Arquivado em:Brasil, Economia, Política
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