Honestidade intelectual é uma coisa importante no debate. Se vocês lerem a coluna de Janio de Freitas deste domingo (post acima), constatarão que ele repete contra o ministro Gilmar Mendes as acusações da extrema direita e reincide nas habitualmente feitas pelas esquerdas. Mas, ora vejam!, o colunista não ataca o ministro por sua defesa, para 2018, do voto em lista e do financiamento público. Afinal, as esquerdas concordam com isso… Sim, Mendes e este escriba não gostam nem de uma coisa nem outra. Mas restou qual alternativa?
As acusações que as esquerdas fazem contra mim são de todos conhecidas. Não preciso reproduzi-las aqui. O que é relativamente novo é o ataque oriundo dos “New Kids on the Block” do antipetismo e da direita xucra. A turma não me perdoa porque aponto exageros e ilegalidades da Lava Jato, quando existem, sejam praticados contra petistas ou não.
Sim, eu acusei a ilegalidade da condução coercitiva de Lula.
Sim, eu acusei a inconstitucionalidade de parte do despacho de Sérgio Moro contra um blogueiro petista.
Sim, eu acusei o absurdo da “coletiva do PowerPoint” de Deltan Dallagnol contra Lula.
Sim, eu afirmei que não havia nada de errado com o habeas corpus concedido ao petista Paulo Bernardo.
Sim, eu acho que há pessoas presas preventivamente em desacordo com o Artigo 312 do Código de Processo Penal.
E não há a menor, a mais remota, a mais pálida, a mais rudimentar possibilidade de que eu deixe de apontar, quando houver, as transgressões de procuradores, policiais federais ou juízes.
Há malucos e oportunistas querendo jogar no lixo, junto com a corrupção, as garantias fundamentais da democracia e do Estado de Direito. E, sim, eu estou entre aqueles que não deixarão barato.
Esquerda no jogo
E, finalmente, parte dos “haters” não se conforma que eu lhe tenha pespegado a pecha de “direita xucra”. E que tenha evidenciado que foi a militância desses xucros, em parceria com Rodrigo Janot, que concedeu ao PT o selo de “nada consta”. Como assim?
Ora, esses gênios da raça evidenciaram que todos são igualmente culpados, que todos são igualmente bandidos, que o mal estava e está mesmo é no “sistema” — inclusive o das garantias individuais.
Quando antevi, e os fatos vão me dando razão, que, naquela toada, a esquerda voltaria ao jogo em 2018, os xucros se revoltaram porque foram confrontados com a sua própria obra.
Se a esquerda vencer a disputa em 2018 — o que seria um desastre —, há de ser, claro!, por vontade da maioria dos votantes. Com estes ficará a responsabilidade. Mas a culpa caberá inteira à direita xucra, aquela que saiu alardeando pelas ruas e pelos bares que todos os políticos, os partidos e os pecados são iguais.
Há tolinhos achando que me desgasto ou sofro com essa dupla patrulha. Pois é. Considero, e outros melhores do que eu também, que raramente escrevi textos tão claros, com lógica tão cristalina, tão ancorados em fatos.
Na verdade, evidenciar que a direita democrática e liberal nada deve a xucros e brucutus é uma tarefa civilizatória.
O liberalismo tem uma fraca tradição no país e conta, reconheço, com poucos adeptos. Reacionários escancarados, gente que pensa com a pistola na mão e que alimenta um ódio indisfarçável do povo, tentaram e tentam vender seus delírios paranoicos e sua truculência como se liberalismo fosse.
Imaginem um liberal europeu tentando entender por que, afinal de contas, alguns que se dizem “liberais” no Brasil não se insurgem contra atos arbitrários de agentes do Estado…
Que gente exótica, né?
Arquivado em:Brasil, Política
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