Há uma manifestação marcada para o dia 26 com uma pauta extensa e vária. Também nesse particular sentido, as esquerdas se mostram mais inteligentes e práticas. Escolheram um tema só: são contra a reforma da Previdência. Até a trabalhista fica em segundo plano. O negócio é não perder o foco, a exemplo do que fez Lula na Paraíba, neste domingo.
O cardápio, dados os vários grupos, é amplo e diverso, mas há uma coisa em comum: a defesa da Lava Jato. Não sei quem a ameaça. Por favor, não me venham falar de novo em tolices como “anistia”. A propósito: não tocar na Lava jato implica não punir procuradores que dão coletivas em off para vazar nomes que estão protegidos por sigilo? Isso é crime. Sei… “Quando os crimes são favoráveis às nossas escolhas, crimes não são, mas virtudes… Sabem como é: há a nossa moral e a deles”.
Vejam o que a Polícia Federal, movida por esse clima de vale-tudo, tentou fazer com parte considerável do único setor — único mesmo! — em que o pais alcançou e manteve a excelência. Ora, se bandidos estão ali acoitados, cumpre que sejam investigados, denunciados, condenados, presos… Justamente para que se mantenha a excelência.
Em vez disso, assistimos a um show de prepotência, cretinismo e desinformação, cujas consequências poderiam ser devastadoras — irrelevantes não serão — se o que veio a público não se mostrasse tão constrangedoramente bisonho.
Ah, cadê os nossos liberais? Cadê os nossos defensores da inciativa privada? Cadê os entusiastas do livre mercado? Cadê os defensores da eficiência? Cadê os que dizem propugnar por um estado regulador e eficiente, não um estado-patrão? Onde foi parar essa gente toda?
“Está chamando os que vão às ruas de covardes e frouxos?” Não! Não sou do tipo que bata na cangalha para o burro entender. Se e quando achar o caso, então eu o farei. O ponto aqui é outro. Cadê o liberalismo nativo?
Ora, está de joelhos, por desinformação ou oportunismo, justamente para os órgãos que ajudam a depredar as instituições. E isso inclui a imprensa. Vamos ser claros? Quando procuradores convocam coletiva em off para vazar nomes que estão protegidos por sigilo, só uma atitude dos senhores repórteres seria decente: denunciar a operação. Em vez disso, todos os que participaram daquilo resolveram coonestar o malfeito. Afinal, imaginem: se os jornalistas dessem com a língua nos dentes, nunca mais seriam premiados com novos vazamentos. É evidente que, no mais das vezes, o que se chama “apuração” é apenas intimidade com procuradores. Existem delatores premiados e jornalistas premiados. E o senhor dos prêmios é o Poder dos Podres: o MPF.
É um espanto que as coisas se deem dessa maneira, mas assim elas são. Vai ver isso decorre também, sei lá, da carne fraca, da convicção fraca, da formação fraca, da informação fraca, dos princípios fracos. Aliás, eis a boa palavra: quais são, afinal de contas, os princípios dos quais não abrimos mão, seja para caçar corruptos, tarados ou homicidas?
Torço para que, no dia 26, ninguém se lembre de gritar: “Todo apoio à Carne Fraca!” A coisa teria lá a sua graça.
Cadê os nossos liberais, que assistem, inermes, a uma agressão àqueles que deveriam ser seus valores basilares?
Órgãos do Estado degeneram, à vista de todos, em organismos policialescos, sem regras. A coisa é de tal sorte grave que uma conversa do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, com um investigado é trazida à luz. Nada há que o comprometa. Nada há a investigar. Nenhuma suspeita derivada dali. Então a conversa foi posta na rede por quê? Parece que a intenção é demonstrar que ninguém está seguro — muito menos deve o indivíduo se sentir seguro de seus próprios direitos.
Isso tem história, tem uma maldita tradição. Mas não cuidarei disso agora.
Um liberal incapaz, numa democracia, de defender o respeito à lei porque os exaltados querem linchamento não é um liberal, mas um frouxo.
Arquivado em:Brasil, Economia, Política
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