Três coisas assombrosas surgiram neste fim de semana na tela do meu celular. Uma delas tem o nome de “Carta Aberta do Povo Brasileiro ao Presidente Michel Temer”. E é assinada pelo… povo brasileiro!!! Huuummm. Embora tente falar uma linguagem conservadora, recende a carniça. Certamente é coisa de urubus de esquerda:
– questiona a legitimidade de Michel Temer;
– acusa-o de ser beneficiário do mesmo esquema de Dilma;
– acusa Temer de ser tão aético como Lula e Dilma;
– diz que Moreira Franco ministro está para Lula ministro;
– ataca a indicação de Alexandre de Moraes para o STF;
– acusa o PMDB e PSDB de responsáveis por grandes males que há no Brasil;
– fala de uma suposta intenção de Temer de nomear Renan Calheiros para o Ministério da Justiça;
– pede o fim imediato do foro privilegiado;
Muito bem! E o texto traz uma ameaça: a retomada das manifestações.
Outro “documento” chega na forma de uma pauta — esta, de fato, tem um cheirinho inequívoco de direita chucra. Convoca um protesto. A pauta tem delicadezas como a redução do número de deputados e senadores. Os políticos, o texto evidencia, são os principais inimigos do povo.
A terceira coisa espantosa é um vídeo em que se sustenta que há uma grande operação em curso para acabar com a lava Jato. Seus principais personagens seriam Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado; Renan Calheiros (AL), líder do PMDB na Casa; o ex-senador José Sarney (PMDB-MA) e Edison Lobão (PMDB-MA), guindado à Presidência da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que é aquela que sabatinará Alexandre de Moraes, indicado por Michel Temer para o Supremo,
Toda essa gente está mancomunada, sustenta o vídeo, para asfixiar a Lava Jato. Mas há um detalhe estranho. Não se diz nem ali nem em lugar nenhum o que cada um deles pode fazer contra a operação. Fica aqui o desafio. Por que não se diz?
Aliás, faz-se escarcéu gigantesco porque Moraes vai para o STF. Ora, o petrolão será julgado pela segunda turma. Apenas presidentes de Poder estão submetidos ao pleno. Mais: Moraes será revisor do processo, sim, mas no pleno — fatia mínima da coisa.
Mistificação.
Conversa mole.
Terrorismo político.
E, ora vejam, lá está a direita chucra a cumprir o seu papel histórico: ser cavalgada pelas esquerdas.
A imprensa, com raras exceções, não ajuda muito. Vê inerme um tribunal de segunda instância a jogar no lixo a Constituição e dá de ombros. A institucionalidade que se dane!
Ora, é claro que nada disso é irrelevante. É claro que isso tudo tem um custo. Exacerbar a crise política — na contramão de uma melhora na economia — atende, obviamente, a um propósito: tentativa de deslegitimar o governo Temer, o que abrirá uma vereda e tanto para as esquerdas.
Não! O caso Moreira não é igual ao caso Lula. É mentira! Vamos ver o que diz Celso de Mello.
Não! Alexandre de Moraes não é uma peça para interferir na Lava Jato. Temer poderia ter nomeado o relator. Decidiu não fazê-lo.
Não! Eunício, Renan, Sarney ou qualquer outro político nada podem contra a Lava Jato.
E não! Não há conspiração nenhuma contra a operação.
A única conspiração em curso no Brasil é a mesmo a dos idiotas imodestos.
Sim, ainda vem mais coisa sobre os chucros e oportunistas.
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