Mais algumas curiosidades sobre o caso Joice Hasselmann, que me atacou num vídeo, levando um troco.
As esquerdas estão chateadas comigo. Não é de hoje! O motivo de agora é interessantíssimo.
A direita xucra e a venal são úteis aos esquerdistas. A segunda porque vive mesmo dando mau exemplo. E isso sempre pode ser levado ao público. E a primeira porque é sua aliada objetiva na luta pela volta ao poder.
O que as esquerdas esperam no protesto do dia 26, e isso já chegou a ser expresso, ainda que de forma oblíqua, por colunistas de esquerda, como Janio de Freitas e Mário Sérgio Conti?
Esperam, em suma, que esse evento seja o marco inicial da fratura da base de apoio político ao presidente Temer. São duas as perspectivas.
A primeira
Vamos ver a primeira. Na cabeça dos companheiros, se a crise política se tornar aguda demais, especialmente em face das delações da Odebrecht, o mandato de Temer corre risco. E o PT não vai economizar esforços para que isso aconteça. A deposição antes de 2018 seria uma espécie de absolvição precoce do partido.
A segunda
Desgastar ainda mais o governo, levando-o à lona, ainda que não caia. Aí o que interessa é a disputa em 2018; é não haver ninguém, no campo chamado “conservador”, com chance de vitória.
Para eles — e já existem até textos redigidos a respeito —, este 26 tem de ser como aquelas passeatas que o Movimento Passe Livre realizava em 2013: os atos eram comandados pela esquerda, mas, ora vejam, enfraqueciam o governo de esquerda. Procure no blog. Apontei esse caráter. Tanto é assim que, brincando, eu dizia ser até grato ao Passe Livre. Eles começaram a ir para a rua com uma Dilma que chegava a 76% de “ótimo e bom” nas pesquisas. Menos de dois meses depois, não alcançava 40%.
Vocês já entenderam a analogia na cabeça da turminha: “A esquerda radical ajudou a levar à lona um governo de esquerda; agora, seria a direita radical a fazer o mesmo com um governo de direita.
É evidente que essa leitura faz sentido, ainda que o governo Temer não seja, obviamente, de direita. É por isso que digo que a direita xucra está levando a esquerda de volta ao poder.
Quem é xucro?
Já disse no vídeo em que respondo àquela senhora que não incluo movimentos como o MBL e o Vem Pra Rua na lista da direita xucra. As Joices, Olavos e Constantinos… Bem, foi preciso driblar — e uma hora os bastidores do impeachment virão à luz — a pauta estúpida dessa gente para chegar a algum lugar. Eles mobilizavam, com seu rancor, com seu fel, com a sua falta de limites, o que há de mais nefasto no pensamento conservador: os reaças burros! E adivinhem quem a imprensa gostava de entrevistar…
Afinal, o objetivo era caracterizar os defensores do impeachment como uma elite insensível, composta por brancos de extrema direita, que acham aceitável o rompimento das regras do jogo em nome do bem
Reação de um neoesquerdista
Agora vamos à reação da tal página de esquerda. Um amigo gaúcho me mandou um WhatsApp: “Você viu que até o DCM tratou do assunto? “DCM” é o nome de um troço que se intitula “Diário do Centro do Mundo”. Eu o apelidei de “Diário do C… do Mundo”, substituindo o “centro” por aquele monossílabo tônico, sem acento, de duas letras, que começa com “c” e termina com “u”.
Até outro dia, recebia anúncios de órgãos públicos comandados pelo PT. Hoje em dia, nem sei. O dono é um tal Paulo Nogueira — em homenagem ao que escreve, apelido de “Nojeira” —, que já exerceu cargo de confiança nas Editoras Abril, de onde foi demitido, e Globo, idem. Não alcançou o comando da publicação principal nas respectivas casas. Enquanto era chefão de jornalistas, nunca se soube que fosse de esquerda.
Demitido, ele se converteu. Sim, estava criado mais um inimigo da VEJA e do Grupo Globo. Com financiamento, via publicidade, de dinheiro público.
Pois o “Diário do C… do Mundo” resolveu tratar do quiproquó entre mim e aquela senhora. E, ora vejam, embora ela não receba nenhum elogio da dita página, quem leva porrada sou eu.
Faz sentido
É claro que faz sentido. A esquerda quer muito que o evento do dia 26 aconteça e seja grande. Ainda que seus promotores subissem no palanque para defender o governo Temer, o que não vai acontecer, a fratura na base estaria dada. Nesse ponto, surgiu a minha divergência politicamente respeitosa com MBL e VPR. Eles dispõem de massa crítica para entender essa relação. E não deveriam, a meu ver, se misturar com a direita xucra. Até porque, quando publiquei os quatro primeiros posts sobre a dita-cuja e o que chamei “A Revolução dos Idiotas”, o MBL nem havia ainda aderido à manifestação.
O site “247”, que dispensa apresentação, publicou, vi há pouco numa pesquisa no Google, um texto que não lerei, mas cujo sentido já sei só pelo título: “Reinaldo Azevedo se desespera com possível vitória de Lula e culpa direita xucra”.
Bem, obviamente, eu não me desespero com nada. Eu apenas constato o que a turma do “247” também sabe — afinal, falta de caráter não é sinônimo de burrice: a forma que tomou a Lava Jato e a atuação destrambelhada da direita xucra pavimentam, sim, o caminho das esquerdas. Eu não queria, mas, para a minha vida prática, é irrelevante. Acho ruim para o Brasil.
Mas será que o Brasil caminha mesmo para eleger Lula (se a Justiça deixar) ou alguém de esquerda? Ainda falta muito. Mais o ponderável imponderado (a Lava Jato) hoje define destinos. Considero grave o suficiente a ascensão de Lula. Negar-se a pesar as suas causas é escolher o caminho da estupidez. MAS ISSO SERÁ MATÉRIA DE UM POST ESPECÍFICO.
É por isso que, se fosse dada a um tribunal de esquerdistas pensantes a tarefa de fuzilar ao menos um direitista, é claro que o escolhido seria eu. Para as Joices, Olavos e Constantinos, os esquerdistas mandariam erguer estátuas.
A maior aliada de que dispõe a esquerda, pois, é a direita xucra.
Arquivado em:Blogs, Brasil, Política
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