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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

JOGA BOSTA NA POLÍTICA 1 – A falsa questão da anistia a partidos

É evidente que, para os leitores deste blog, não há nenhuma novidade no fato de que Lula lidera as pesquisas de intenção de votos. Há mais do que isso. A avaliação do governo Temer despencou.  Ainda tratarei do assunto.

A causa principal é aborrecidamente evidente. Se toda a classe política tem de ir para o lixo — como é mesmo? “Por uma nova política!” —, por que não Lula? Se a Justiça não impedir a sua candidatura, o que é sempre, para dizer pouco, incômodo, é claro que as chances são grandes.

Mas há outras coisas além da Lava Jato, embora sejam derivadas do “lava-jatismo” e da manifestação permanente de ódio à política.

Mandam-me questões sobre uma suposta “anistia ao caixa dois” que estaria sendo planejada na Câmara. Um interlocutor, indignado, falou-me ao telefone: “Querem acabar com as multas no TSE! Querem tirar o poder do TSE!”.

E a coisa estava nas redes, bombando.

Um fato: NUNCA HOUVE NEM HAVERÁ PROPOSTA PARA ANISTIAR CAIXA DOIS. Isso é uma fantasia. Trata-se, com ou sem intenção, de mais uma forma de depredar a política.

E sabem por que não? Porque caixa dois não é crime segundo o Código Penal. Não se anistia o que crime não é. É tão básico, é tão elementar.

“Mas e a tentativa de impedir que o TSE aplicasse multas?” Era uma questão restrita a diretórios provisórios.

Gilmar Mendes

Atenção! Gilmar Mendes, presidente do TSE, encontrou-se ontem com Rodrigo Maia e, desde então, ficou acertado que se retiraria a urgência do projeto que trata do assunto. Mais: o próprio presidente do tribunal acertou com o comandante da Câmara a formação de uma comissão composta de três representantes do TSE e de cinco dos partidos.

Não há, porque impossível até de redigir, “anistia ao caixa dois”. Passando a ser crime, é evidente que não poderá alcançar o passado. Isso não é anistia; é estado de direito.

A suposição de que querem cassar prerrogativas do TSE é falsa, o que é revelada pelo próprio presidente do tribunal. É preciso chegar a um novo texto? Sim. E ele mesmo formalizou a comissão.

Como é mesmo?

Construiu-se a “narrativa” — essa palavra que virou saco de gatos, gaveta de porão, pau pra toda obra — de que políticos, porque são políticos afinal, querem fazer safadezas.

Serve pra manter a tigrada mobilizada. Ainda que com algo que não existe e que só contribui para desmerecer ainda mais a atividade pública.

A irresponsabilidade, a desinformação e a ignorância sobre os fundamentos do Estado de Direito estão nos levando para o buraco — isto é, para as esquerdas.

Grana

E não que os partidos não precisem, sim, de alívio financeiro. Afinal, o STF proibiu o financiamento privado de campanha, e não tardará para que “as ruas” — sacrossantas! — comecem a gritar contra o aumento do Fundo Partidário. “Ladrões! Safados! Sacripantas! Querem o nosso dinheiro!”

Então ficamos assim: os partidos nem podem receber doações nem terão aumentado o fundo. Afinal, somos pessoas sérias e criteriosas.

Mas o dinheiro virá de onde? Talvez de outras siglas que não estão submetidas ao corredor polonês do moralismo chulé: PCC, CV, ADA…

É…

Jorge Luis Borges sugeriu certa feita que é preciso merecer a democracia para ter democracia.

Aliás, quem gosta mesmo desse regime deveria é estar convocando manifestação em favor do financiamento privado de campanha! Eu topo. Vou ver ao menos a minha mulher vai comigo.

“Esse Reinaldo é mesmo um idiota! Vê lá se isso mobiliza alguém”.

Bem, a história da anistia talvez mobilize. E falsa! Mas isso a gente resolve com a… narrativa.

Sim, ainda escreverei o “Joga bosta 2” e o “Joga Bosta 3”. Nesses dois casos, quem liga o ventilador é a imprensa.


Arquivado em:Blogs, Brasil, Política


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