De Laís Alegretti, no G1:
O Itamaraty enviou a todas as embaixadas brasileiras no exterior um alerta para o risco de um golpe político no Brasil, segundo informação publicada no jornal “O Globo” nesta quarta-feira. A mensagem pedia, ainda, que cada posto designasse um diplomata para dialogar com as organizações da sociedade civil locais sobre o tema.
O Itamaraty esclareceu que a mensagem foi enviada pela Secretaria de Estado de Relações Exteriores do Itamaraty, sem autorização superior. O ministério também informou que, após o envio da mensagem, a secretaria-geral enviou uma ordem para que os recados fossem desconsiderados.
O autor da mensagem, segundo o jornal, foi o ministro Milton Rondó Filho, encarregado da parte internacional do Fome Zero. Ele é ligado ao ministro do Trabalho, Miguel Rossetto. Além de atuar no Itamaraty, Rondó já assessorou o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).
De acordo com reportagem de “O Globo”, a mensagem diz que “é momento de resistência democrática”, cita “profunda preocupação” com os rumos do processo político e ataques dos grandes grupos econômicos e da mídia a governos legitimamente eleitos, e chama a sociedade para a luta pela democracia com uma mensagem de “Não ao Golpe! Nossa luta continua!”.
Congresso
Na manhã desta quarta-feira (23), parlamentares da oposição reagiram ao ocorrido. O vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Betinho Gomes (PE), anunciou que vai pedir a convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para que ele seja ouvido pelo plenário da Casa sobre o tema.
O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), e o vice-líder da Minoria, Raul Jungmann (PPS-PE), também anunciaram que vão protocolar requerimento de convocação do ministro para esclarecer o ocorrido. Para eles, é uma situação “absurda e inconcebível que enseja a punição de quem idealizou e de quem operacionalizou o esquema”.
O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) também comunicou, no plenário da Casa, que vai pedir a convocação de Mauro Vieira para dar explicações sobre a mensagem na Comissão de Relações Exteriores. Ferraço chamou o documento de “patético”.
“A democracia brasileira vai muito bem, as instituições estão funcionando, cumprindo com suas responsabilidades, inclusive o Congresso brasileiro. Não vai colar essa patética tentativa de querer atribuir ao Congresso brasileiro qualquer tipo de tentativa de desrespeito ou de violação ao estado democrático”, protestou Ferraço.
Já o senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, lembrou ao plenário que o Itamaraty já enviou telegramas para sustar os efeitos da mensagem.
“O embaixador Sérgio Danese [secretário-geral do Itamaraty], tão logo tomou conhecimento do telegrama, enviou outro telegrama falando que não havia uma posição oficial sobre o assunto”, disse Jorge Viana numa tentativa de acalmar os ânimos de parlamentares da oposição.
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