Como se dizia antigamente, “parem as máquinas”. Há cientista político falando coisa com coisa em jornal. Refiro-me à excelente entrevista concedida a Fernando Canzian, da Folha, por Carlos Pereira, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV-Rio. Leiam trechos:
Folha – Com o avanço da crise política e da Lava Jato, o Brasil vive um clima inédito de polarização. De um lado, o apoio às investigações e à punição de responsáveis. De outro, a defesa do governo e os que veem um golpe. Quais os desdobramentos disso?
Carlos Pereira – O Brasil vive um momento ímpar, uma oportunidade histórica de definir seu futuro. Se será fundamentalmente ancorado na impessoalidade, na competência e na meritocracia; ou nos panos quentes, no acordo de elites políticas que se sentem ameaçadas diante de processos político-judiciais.
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Se o processo resultar em impeachment, o poder será tomado por pessoas implicadas ou citadas por envolvidos nas investigações. Michel Temer é uma delas. A velha acomodação não estará presente?
A avalanche de evidências geradas pela Polícia Federal pode e deve deixar em alerta o próximo governo. Se evidências forem encontradas que envolvam os atores políticos na condução desse governo de transição, o Estado de Direito e a Constituição têm de ser preservados. O que está em jogo é um expurgo do sistema político brasileiro ao modo de governar que o PT desenvolveu nesses anos, não só sob Dilma.
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A lua de mel não será muito mais curta do que o normal pela antecipação da disputa eleitoral de 2018, da premência da crise econômica e do imponderável da Lava Jato?
Sim, existem várias coisas imponderáveis no caminho de um eventual governo que podem solapar essa expectativa. Mas é possível também um cenário em que no curto prazo o governo atue para realizar uma primeira reforma. Se vitorioso, pode aproveitar o “momentum” para outras e para conduzir o país para uma situação menos dramática.
A Polícia Federal, o juiz Sergio Moro e a mídia têm sido criticados em todo o processo. O sr. vê exageros na atuação desses personagens?
Estamos falando de um escândalo de corrupção de cifras bilionárias, de dragagem de dinheiro público a partir de contratos superfaturados de empresas e da burocracia da Petrobras para drenar recursos para partidos políticos da base aliada. No agregado, eu identifico a atuação das instituições de controle como extremamente positiva. Obviamente que um processo como esse, com essa complexidade e magnitude, não é linear.
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A estratégia do PT de transferir responsabilidades para órgão de imprensa e mídia, como se existisse um complô… É de uma sofisticação esse argumento, como se houvesse uma coordenação… Nesse jogo não há nenhuma coordenação. São autores completamente autônomos, independentes, tanto na mídia quanto no Ministério Público e no Judiciário. Essas pessoas não se coordenam.
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O que o sr. diz sobre o temor de que as investigações cessem após o impeachment e a punição de petistas?
A Lava Jato não vai parar. Isso não é mais possível e a sociedade não toparia.
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