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sábado, 26 de março de 2016

O manifesto picareta de ditos “profissionais de cinema’” em favor de Dilma. Que façam greve geral! A arte agradece!

Ai, ai…

Profissionais de cinema — diretores, atores, roteiristas, distribuidores etc — lançaram um manifesto contra o impeachment da presidente Dilma. Quem encabeça a iniciativa é Dandara Ferreira, filha de Juca Ferreira, ministro da Cultura, e Luiz Carlos Barreto, produtor conhecido, inclusive por seu governismo. Se Dandara é alguma coisa além de filha de seu pai, ignoro. Consta que é cineasta. Foi ela que dirigiu aquele filme, o… O…. Como é mesmo?

O manifesto, que segue abaixo, com alguns comentários meus, está na Internet e já tem mais de 2 mil assinaturas.

Como haverá impeachment, não sei o que essa gente pretende fazer em seguida. Recomendo uma greve geral. Seria uma comoção em algumas coberturas da Zona Sul do Rio e da Vila Nova Conceição, em São Paulo. Sem a autorização para captar recursos pela Lei Rouanet, cairia drasticamente o consumo de champanhe e caviar nesses dois redutos da esquerda intelectual brasileira.

Imagino o trauma que não seria para os brasileiros, em especial os mais pobres, que recebem Bolsa Família, se essa gente toda parar de trabalhar. Fico cá me perguntando por que o sujeito acha que pertencer a uma categoria — e o manifesto fala em nome de um setor — lhe confere um lugar especial de fala para opinar com mais qualidade do que o cidadão comum — aquele que vaiou Dilma no estádio, por exemplo (trato do assunto em outro post).

Segue o manifesto em vermelho. Comento em azul.

Nós, cineastas, roteiristas, atores, produtores, distribuidores e técnicos do audiovisual brasileiro, nos manifestamos para defender a democracia ameaçada pela tentativa de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Entendemos que nossa jovem democracia, duramente reconquistada após a ditadura militar, é o maior patrimônio de nossa sociedade.
O impeachment não pode ameaçar a democracia porque é elemento constitutivo do regime. Como está previsto na Constituição e na Lei 1.079, integra o conjunto de recursos de que dispõe o Estado de Direito para afastar um governante que tenha cometido crime de responsabilidade, crime comum ou que tenha atentado contra a probidade. O primeiro presidente eleito depois da ditadura militar foi deposto por impeachment, e ninguém se lembrou dos riscos que a “nossa jovem democracia” corria. E não havia mesmo risco nenhum.

Sem ela, não teríamos obtido os avanços sociais, econômicos e culturais das últimas décadas. Sem ela, não haveria liberdade para expressarmos nossas distintas convicções, pensamentos e ideologias. Sem ela, não poderíamos denunciar o muito que falta para o país ser uma nação socialmente mais justa. Por isso, nos colocamos em alerta diante do grave momento que ora atravessamos, pois só a democracia plena garante a liberdade sem a qual nenhum povo pode se desenvolver e construir um mundo melhor.
Retórica balofa a serviço do nada. Parte dos avanços sociais nos últimos anos, ora vejam, se deveu justamente ao impeachment de Collor, que criou as circunstâncias que permitiram a implementação do Plano Real. O que vai acima poderia ser só ignorância, mas é mais do que isso: trata-se mesmo de má-fé. Quem está a ameaçar a democracia? Seria o livre funcionamento do Congresso? O exercício pleno das prerrogativas do Judiciário?

Como nutrimos diferentes preferências políticas ou partidárias, o que nos une aqui é a defesa da democracia e da legalidade, que deve ser igual para todos. Somos frontalmente contra qualquer forma de corrupção e aplaudimos o esforço para eliminar práticas corruptas em todos os níveis das relações profissionais, empresariais e pessoais.
Huuummm… “Nutrir diferenças”, é? Eis por que o cinema brasileiro, em regra, é uma porcaria. Gente que “nutre diferenças” deveria levar umas chicotadas da professora de estilo. Mas vá lá: exibam aí a pluralidade! Quantos da lista são simpatizantes do PSDB, do PMDB, do DEM… Também me comove saber que os signatários são “frontalmente contra qualquer forma de corrupção”. Quando isso precisa ser anunciado num manifesto, convenham, é porque há motivos de sobra para a dúvida.

Nesse sentido, denunciamos aqui o risco iminente da interrupção da ordem democrática pela imposição de um impeachment sem base jurídica e provas concretas, levado a cabo por um Congresso contaminado por políticos comprovadamente corruptos ou sob forte suspeição, a começar pelo presidente da casa, o deputado federal Eduardo Cunha.
Não entendi ali o que quer dizer “nesse sentido”. Em qual sentido? Quem disse que o impeachment não tem base jurídica. Eu queria debater a Lei 1.079 com a Dandara, a diretora do… Do… Como é mesmo? Ou com o Barretão.

Um texto que diz defender a democracia e que afirma que o Congresso “leva a cabo” o impeachment só pode ser obra de energúmenos. A denúncia foi oferecida por entes da sociedade civil, e o Legislativo é o Poder que a recebe. Então o Congresso está contaminado por políticos “comprovadamente corruptos”, mas o Executivo é limpo? Justo o Executivo, que fez os negócios, que nomeou os larápios e que negociou com os “políticos corruptos”?

Vão estudar! Eduardo Cunha é presidente da Câmara, que é só uma das “Casas” do Congresso. A outra “Casa” também é presidida por um investigado: Renan Calheiros. Enquanto eram aliados do PT, a Dandara, o Barretão e trupe de signatários ignorantes não se preocuparam com a sua moralidade.

Manifestamos a nossa indignação diante das arbitrariedades promovidas por setores da Justiça, dos quais espera-se equilíbrio e apartidarismo.
Corrigindo a gramática dos brutos: “dos quais se esperam”!!! A propósito: qual é a evidência de “partidarismo” da Lava Jato? Talvez haja uma: há muito tempo Lula já deveria ser réu. Ele está sendo protegido. Se a Dandara quiser saber mais, é só pesquisar no blog.

Da mesma forma, expressamos indignação diante de meios de comunicação que fomentam o açodamento ideológico e criminalizam a política. Estas atitudes colocam em xeque a convivência, o respeito à diferença e a paz social.
Grandes democratas! Já se indignaram com o Congresso, com a Polícia Federal, com o Ministério Público e, agora, com “os meios de comunicação”. O que mais me encanta nesse texto é o tom supostamente elevado do adesismo. Como se nota, por contraste, há um governo que é fonte do bem e da legitimidade, acuado por esses entes que ameaçam a democracia. Que gente asquerosa!

Repudiamos a deturpação das funções do Ministério Público, com a violação sistemática de garantias individuais, prisões preventivas, conduções coercitivas, delações premiadas forçadas, grampos e vazamentos de conversas íntimas, reconhecidas como ilegais por membros do próprio STF. Repudiamos a contaminação da justiça pela política, quando esta desequilibra sua balança a favor de partidos ou interesses de classes ou grupos sociais.
Bem, os signatários ficam obrigados agora a exibir exemplos de cada uma das acusações que fazem. Mais: deveriam dizer por que decidiram se manifestar apenas quando a investigação chegou a Lula. Por que não redigiram manifestos quando os empreiteiros foram presos? Não sejam hipócritas!

Daqui a pouco, esses valentes vão se dizer construtores de narrativas. Pois é… Vai ver é por isso que o cinema brasileiro, com uma exceção ou outra, é tão ruim. Os narradores são picaretas. Uma conversa “vaza” quando passa a circular ao arrepio da Justiça. No caso, não houve vazamento, mas quebra do sigilo da investigação.

Quais “partidos” e “interesses de classe ou grupos sociais” estão sendo privilegiados pela Lava Jato? Ora, fazer essa acusação numa manifesto que é divulgado em nome de um “grupo” expõe a honestidade intelectual dos formuladores e dos signatários.

Nos posicionamos firmemente a favor do estado de direito e do respeito à Constituição Brasileira de 1988. Somos contrários à irracionalidade, ao ódio de classe e à intolerância.
Quem se diz favorável à Constituição e afirma que impeachment é ruptura da ordem democrática é só um idiota que não sabe o que diz ou um oportunista que está defendendo interesses contrariados. Vão ler os Artigos 85 e 86, ora!

Como construtores de narrativas, estamos atentos à manipulação de notícias e irresponsável divulgação de escutas ilegais pelos concessionários das redes de comunicação.
Façam o seguinte: tenham a coragem e rompam com os “concessionários”. Os que forem funcionários das emissoras de TV que cumprem o seu papel — noticiar o que apuram — peçam demissão na segunda-feira. Não aceitem ganhar o pão de cada dia em empresas que tanto mal fazem ao Brasil. Pode não parecer, mas o que vai acima é uma defesa velada da censura, acompanhada da sugestão de que o Estado deveria punir as emissoras de rádio e televisão. Vocês são, sim, construtores de narrativas. Em regra, são tão ruins como esse manifesto ignorante e vigarista.

Televisões, revistas e jornais, formadores de opinião, criaram uma obra distorcida, colaborando para aumentar a crise que o país atravessa, insuflando a sociedade e alimentando a ideia do impeachment com o objetivo de devolver o poder a seus aliados. Tal agenda envolve desqualificar as empresas nacionais estratégicas, entre as quais se insere a emergente indústria do audiovisual.
Hein? Até onde se sabe, a “emergente indústria do audiovisual” vive uma relação simbiótica com aqueles outros meios, muito especialmente a televisão.

Qual é a distorção “da obra”? Porque esses notáveis narradores não nos dizem, então, qual é a história verdadeira, já que seria falsa a que anda por aí?

Por todos esses motivos, nos sentimos no dever de denunciar essa enganosa narrativa e de alertar nossos pares do audiovisual em outros países sobre este assombroso momento que vivemos.
É realmente assombroso que um bando de gente do nariz marrom, dependente do dinheiro público; que vive pendurada em subsídios e leis de incentivo; que responde por uma produção mixuruca, incapaz de emular mesmo com a de países latino-americanos bem mais pobres, é realmente assombroso que essa pelegada se arvore em dona da verdade e fale besteiras em penca sobre Constituição, leis, Justiça e política. São o que são: esbirros de um partido político e beneficiários de mamatas. Entendo a tristeza: fecharam a torneira da Petrobras, a maior financiadora de narrativas picaretas do Ocidente. Uma informação aos bacanas: não foi a Lava Jato que quebrou a estatal. Foi a Dilma.

Usaremos todos os instrumentos legais à nossa disposição para impedir um retrocesso em nossa frágil democracia.
Frágil uma ova! E, bem, façam isto mesmo: usem os instrumentos legais. Sempre lembrando que o manifesto põe a Justiça em descrédito. Esses artistas de esquerda ainda acham que podem ser donos da opinião pública. Não se deram conta de que o país mudou e de que essa gritaria não intimida mais ninguém. Não se esqueçam, signatários! Façam greve geral contra o impeachment. A qualidade média do cinema certamente vai melhorar.



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