Segundo reportagem da revista Istoé que terá sua edição semanal antecipada no site, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) revelou em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato que partiu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ordem de comprar o silêncio de Nestor Cerveró e de outras testemunhas. Delcídio disse também ao MPF que o mentor intelectual da conversa que teve com o filho de Nestor Cerveró foi o ex-presidente Lula. A conversa girava em torno de pagamentos à família de Cerveró e do planejamento de sua fuga, e sua gravação levou às prisões de Delcídio e do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual.
Delcídio ainda declarou que Lula pediu “expressamente” para que ele ajudasse o pecuarista e seu “conselheiro” José Carlos Bumlai, com intermediação de pagamentos de valores à família de Cerveró. Afirmou também que recebeu do filho de Bumlai, Maurício, R$ 50 mil reais iniciais que foram entregues pelo senador ao advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, que foi preso juntamente com Delcídio no episódio da gravação.
De acordo com os documentos publicados pela revista, o senador diz que Dilma Rousseff usou sua influência para evitar a punição de empreiteiros, ao nomear o ministro Marcelo Navarro para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Veja trecho da reportagem:
“A ‘solução’ passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. “Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”. Na semana da definição da estratégia, Delcídio contou que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada. Os dois conversavam enquanto caminhavam pelos jardins do Alvorada, quando Dilma solicitou que Delcídio, na condição de líder do governo, “conversasse como o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez. Conforme acertado com a presidente, Delcídio se encontrou com Navarro “no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera”, o que, segundo o senador, pode ser atestado pelas câmeras de segurança. Na reunião, de acordo com Delcídio, Navarro “ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o dr. Falcão (presidente do STJ, Francisco Falcão) já o havia alertado sobre o assunto”.
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