Na sexta-feira, o PT nacional tornou pública uma resolução com em que, para surpresa de ninguém, ataca a imprensa e denuncia uma grande conspiração contra o partido. O texto também faz o elenco de suas propostas para a reforma política. Os petistas houveram ainda por bem defender João Vaccari Neto. Segundo o documento, “a prisão do companheiro João Vaccari, nas condições em que ocorreu, demonstra que o clima de ódio e revanche envolve também fatias da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário.” Como a gente vê, parece que o mundo está contra o PT. Não é verdade, mas digamos que assim fosse… De onde vem a convicção do partido de que errado quem está é o mundo?
Pois bem… A tal resolução ainda estava sendo digerida pelos companheiros quando chega a notícia de que o juiz Sérgio Moro decidiu prorrogar por mais cinco dias a prisão temporária de Marice Correa de Lima, cunhada de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, mas ainda um homem forte na sigla, como se percebe ao ler o texto do partido. Segundo o juiz, foi mesmo Marice quem depositou dinheiro na conta de Giselda Rouse de Lima, sua irmã e mulher de Vaccari. Em depoimento, ela havia negado ter feito os depósitos.
Anotou o juiz: “O que mais preocupa não é o fato de a investigada ter faltado com a verdade tão flagrantemente em seu depoimento. O mais perturbador é a constatação de que a prática delitiva não se encerrou com o início da fase ostensiva da operação.” Ou por outra: o juiz está espantado que a Lava Jato não tenha intimidado Marice.
Há vídeos em que a cunhada de Vaccari aparece em agência bancária fazendo os depósitos. Moro se manifesta a respeito: “Embora Marice não tenha sido identificada nominalmente, os vídeos apresentados não deixam qualquer margem para a dúvida de que a pessoa em questão é Marice Correa de Lima”. As imagens foram gravadas em março por câmeras de agências bancárias. Investigadores encontraram na conta da mulher de Vaccari uma série de depósitos não identificados entre 2008 e 2014, que somam R$ 583,4 mil. A maior parte (R$ 322,9 mil) foi feita em depósitos abaixo de R$ 2 mil — baixos valores não costumam acionar os órgãos de controle.
Marice não é mesmo uma pessoa, digamos, convencional. Em 2012, ela declarou ter pagado R$ 200 mil por um apartamento da Bancoop, que seu cunhado presidira entre 2004 e 2010. No ano seguinte, ela vendeu o imóvel para a empreiteira OAS por R$ 430 mil, e a empresa passou o imóvel adiante por R$ 337 mil.
Em 2011, o PT lhe teria pagado R$ 240 mil só para ela não processar o partido. Mas por que processaria? É que, em 2005, então funcionária da legenda, foi lhe dada a incumbência de levar R$ 1 milhão em dinheiro vivo à Coteminas, empresa do então vice-presidente, José Alencar. Seria para pagar uma dívida. A estranha história veio a público, e Marice, então, teria se sentido “exposta”. Ora, se não havia nada de ilícito no pagamento, ela teria sido exposta por quê? O acordo informal para pagar a indenização pelo agravo que, em tese, não houve teria sido celebrado pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que confirma a história.
Em suma, meus caros, nada faz sentido. Quando a prisão de Marice foi decretada, em estava fora do Brasil — mais precisamente, no Panamá, um conhecido paraíso fiscal, onde os petistas têm muitos amigos. Segundo seu advogado, ela tinha ido àquele país para participar do Fórum Sindical das Américas, já que é coordenadora financeira do Centro Sindical das Américas. A família, como se vê, gosta da função de tesouraria.
Tudo indica que, no enredo do petrolão, está reservado a Marice um papel de maior destaque do que esse de agora. Definitivamente, ela não faz a linha “cunhada laranja”, enganada, coitadinha”, pelo espertalhão da família.
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